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Luna e eu em Itaipu |
TESTEMUNHO (MAIS LONGO DO QUE EU
GOSTARIA, MAS...
(Escrito em 20/08/2015)
Nunca consegui, nem em filmes
nem em romances, ficar do lado do mocinho simpático que amava a mocinha sem
que ela retribuísse. Aqueles, então, que se declaravam e, diante da
indiferença da moça, dissessem que o seu (dele) amor dava para os dois, isso
pra mim era sinal de fracasso e de franca torcida contra de minha parte. Nada
podia dar certo assim, na base do pedido, da súplica, da espera pela
generosidade do tempo para que o amor se fizesse presente e desse conta de
uma boa história de amor.
Amor tem que ser com arrebatamento, na base do "sem você eu não
vivo", do "como vivi sem você até aqui?", estas frases
lapidares que fazem parte das histórias de amor que existem pra valer. Rapaz
bonzinho, cheio de qualidades é um perdedor nato.
Que depois o amor acabe, aí é outra coisa, mas o existir da historia de amor
enquanto dura tem que ser temperado por um bom tango argentino. Valsinhas e
sonatas, só de vez em quando para equilibrar o clima, se não o coração
explode. E o corpo cansado da vida não resiste. O comando é dos sentimentos
com compasso bem marcado, fortes.
Pois a vida me ensinou o contrário e eu estou aqui, ajoelhada no milho para
confessar que historinhas de amor podem ser construídas, sim. O discurso de
que "meu amor por você dá para nós dois" existe. E gera frutos.
Suculentos, deliciosos, dulcíssimos.
Com esta minha mania de escrever e de publicar aqui as histórias de minha
vida (nem todas, é óbvio, mas chego perto...), não é surpresa para ninguém o
amor que nutri por Luna desde que ela nasceu. Desde que a vi, toquei e
cheirei, foi amor à primeira vista. Amor dominador e eu a ele entregue.
Recém-nascida, a figurinha parecia uma santa em meu colo enquanto eu a
acarinhava ou simplesmente me fazia de berço ao seu conforto, do melhor jeito
que ela se ajeitasse. Integração total e irretocável. Êxtase.
Mas bastou o seu olhar ganhar poder de ver que uma rejeição - dolorosa e
lacrimosa - chegou para me arrasar e me fazer sentir a última das pessoas,
sem espaço, sem chão, sem vez, jogada no fundo do poço da afetividade.
Vulnerabilidade, este era o meu nome.
Daí pra frente, fiz de tudo, bem na base do "meu amor vale para nós
duas" ou "hei de vencer e conquistá-la", intuitivamente cheia
de fé na minha capacidade de sedução. Se diziam que o choro ao me ver era por
causa do meu cabelo branco, colocava chapéu, lenço, o que fosse para
cobri-lo. Já o palpite de que era o meu jeito à vontade de estar em casa,
sempre com as roupas pra lá de informais e velhotas era respondido com minha
elegância numa próxima vinda da luminosa menina Luna aqui. Fiz de tudo um
pouco: usei batom, perfume adocicado, roupa pra lá de requintada. E nada!
Cantinho de brinquedos, presente. Livros de história, à mão, sim. Materiais
diversos para atrair a atenção, todos. Mas, o choro ao me ver era incontido,
coisa pra me jogar por terra mesmo. Um dia, cheguei a subir pro meu quarto,
em estado de extrema desnutrição emocional, chorosa e sem volta à sala até o
final do dia diante da rejeição anunciada, de cara.
Ninguém sabia mais o que fazer...
Meu amor foi dando para nós duas durante um largo tempo. Até que o milagre se
fez. Ninguém sabe ao certo o que se deu na alma da bichinha.De tanto me ver
sorrir, um dia, Luna me viu, me sentiu, me acolheu, me escolheu.
Hoje, tê-la junto a mim, me dando a mão para seguirmos adiante, nem que seja
da cozinha para a sala, e depois dormirmos a sesta juntas é amor demais. Só
dá pra sentir mesmo. As palavras são incapazes de dizer disso, para esse
tanto elas realmente têm limites.
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