quinta-feira, 4 de agosto de 2016



O Ponto Central de nossa contradição: o ilegítimo Temer
DIFÍCIL MESMO É ENCONTRAR O PONTO “E”
(Escrito em 3/8/2016)



E, de equilíbrio. Ou de qualquer outra palavra, com letra diversa, que seja sinônimo de equilíbrio e que possa lembrar uma boa e agradável sensação de conforto, bem-estar diante de alguma nova situação. Equilíbrio, não sei se me explico bem, como que um estado de prontidão, sem dores a mais nem alegrias a menos. Estar em equilíbrio, disponível para sentir o que há ser sentido, para viver o que chega para ser vivido. Como tiver que ser vivido e sentido, sem sombras, sem a priores, sem preconceitos, sem mágoas.
A explicação: diante dos tamanhos desvios, superfaturamentos, discursos oportunistas e qualidade questionável - até assassinas - das obras preparadas para receber a Olimpíada do Rio, falta-me equilíbrio para viver o momento em sua inteireza. A verdade é que há uma sombra a impedir uma entrega integral ao momento. Fico refém, tolhida em minha emoção quando vejo a tocha olímpica atravessando a Baía, num lindo barco, cercado de tantas outras embarcações, tudo tão atraente, pronto para trazer emoções à luz da vida... E eu, dividida, penalizada, não consigo estar inteira na vivência de um momento que poderia e deveria ser tão especial.
Este nosso sistema econômico (e suas dimensões políticas e ideológicas) é mesmo perverso por demais. Humanos que somos, carregados de possibilidades de nos emocionar e usufruir a benção que é viver nos traçados que se apresentam, como o caso de uma Olimpíada em casa, não conseguimos nem de longe sentir a alegria e orgulho que seria até natural.
A dívida social é de tamanha grandeza, a infelicitação das pessoas é de tamanho volume e intensidade, a injustiça é tão carregada de desesperança - que nada pode ser vivido na sua essência e possibilidades. Tudo é motivo para nos sentirmos culpados, equivocados, dúbios, partidos.
Nesse clima, há espaço para se entender o grupo que faz das suas para apagar a tocha em seu percurso, o outro que cria uma faixa chamando o evento de olim piada e todos os desacertos - inúmeros - que vão tendo lugar aqui e ali em torno do acontecimento, um evento internacional que, teoricamente, poderia ser anunciador de paz e de congraçamento.
Muito triste termos que nos ver nesta nossa partição doída e inescapável!


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