A importância das informações de fontes alternativas
7/5/2014
A ira (que bom que a mantenho intacta!) me tira da atenção a outras coisas, só minhas, que têm me ocupado inteiramente. Felizmente, o meu compromisso com a vida, com o outro, me chamam a atenção e me põem de pé e com a palavra a dividir. Muito bom ter tido a minha atenção desviada e a vontade de escrever sobre o absurdo a olhos vistos!
Já tem mais de mês, não sei ao certo, que já corre por fora da grande imprensa, a dramática (por ausência de uma palavra melhor; nenhum vocábulo dá conta de tamanho absurdo e perversidade.) situação das meninas da Nigéria. Quase que asseguro que foi minha amiga Deuza Volpi quem primeiro me falou do assunto. Em todo esse tempo, apenas nas redes sociais e entre pessoas ligadas a uma humanidade não apenas eurocêntrica ou centrada na América do Norte, vinham se mobilizando e tentando interferir para salvá-las do seu calvário. (Epa! Calvário, Semana Santa acabou de acontecer! O que é feito do espírito solidário de cada um com o calvário do outro? Não, da outra; não, da outra que é menina; também não, da outra que são centena de meninas; não, ainda não consegui dizer, da outra que são meninas africanas???????????????????? (Façam de conta que as interrogações vão até o final da página e ainda dobram e seguem nas seguintes).
Pois bem, somente ontem leio e vejo na grande mídia a notícia sobre o assunto. Claro! Os Estados Unidos, Barack Obama, em especial, se diz pessoalmente empenhado na solução do problema das mais de 200 meninas sequestradas e a serem vendidas como material de segunda, nas Nigéria. Pronto! Agora, sim, a tragédia virou notícia! Foi preciso a África ser vista por quem tem poder para que a nossa imprensa, a chamada grande imprensa, tratasse do assunto. Com certeza, muita gente nem sabia da tragédia até quem tem poder ditar a pauta. A Nigéria chega finalmente às páginas vistas como as que legitimam o que é fato ou não. O que deve ocupar nossa conversa em família ou no botequim. Notícia é só para conversar mesmo, jornalismo cidadão capaz de gerar ação cidadã nem é o caso (E salve a minha ironia!).
Amigos, não deixemos de buscar outras fontes. Não é porque as coisas não estão na grande imprensa que elas não aconteceram. De forma alguma! A mulher torturada e morta por engano - e por um boato disseminado aqui pelo Face - está levando a que se apregoe o "perigo que representam as redes sociais". Não nos deixemos iludir! Se não nos alimentarmos de nós mesmos em nossa necessidade incessante de ter informação mais segura, continuaremos à mercê do que selecionam como o que deve ser lido e valorizado no mundo todo. Fontes alternativas, sim. Blogs sérios, sim! Diálogo entre nós, sim!
As meninas da Nigéria estão em decomposição de sua condição humana há tempo demais. E só agora isso se espalha como notícia.
É só pensarmos se fosse uma mocinha da Califórnia que tivesse sido sequestrada por um islâmico para imaginarmos há quanto tempo, por certo em tempo real, estaríamos sabendo de todos os detalhes do crime, a história dos antepassado do assassino, os gastos incalculáveis com helicópteros de última geração sobrevoando a casa, coisas assim, de pouca importância...
Somos irmãos de quem, afinal? Nossa solidariedade é limitada? Por quem mesmo? Nosso olhar vai até onde mesmo?
Mundo cão! Olhemos para todos os lados e escolhamos bem as nossas companhias e lentes!
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