RESIGNAÇÃO
29/05/2014
É meio fora do normal do mais comum caminhar das coisas, mas ando procurando um jeito de encontrar um sorrisinho, por menor que seja, pra tirar o traço amargo que entorta meus lábios em direção ao chão. Muito ruim demais constatar que aproveitar a alegria que a vida me oferece significa tão somente me entregar de corpo e alma ao novo sofrimento que me surpreende, só pelo prazer dele me livrar da última dor que me consumia. Cada qual é feliz ao seu próprio jeito. O meu, no momento, é sentir a boca desprovida de umidade, mas, o que me alegra, é que ainda constato a inteireza de meu corpo, e com o costumeiro volume de sangue a correr por dentro, espalhando vida por onde passa. Ser feliz é, pois, nesta agoridade, agradecer à vida pela substituição de uma antiga dor pela dor de novo tipo que chega sem avisar. Vou a ela, aliviada, olho no olho, como convém. Por falta de espaço na alma, uma sequela de cada vez. Ou, explicando de maneira mais científica: é apenas cumprir à risca aquela lei da Física, a de que dois corpos não ocupam o mesmo lugar no espaço.
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