ILUMINANDO SOMBRAS
28/04/2015
Sobre o
artigo que Milton Temer divulga e que eu acabo de compartilhar, fico tentada a
falar do oposto do que nele é tratado. Pelo menos, é o que me surge como tema a
discutir. O de sempre, o trivial simples: eu e minha mania (santa?) de, em nome
da ampliação das consciências falar do que me vai na alma. Seja o que for, se
vai ou não me expor diante de quem vier a ler, isso, para mim, é mero detalhe,
a "missão evangelizadora" (risos) justifica. O que importa é o que
possamos refletir sobre o nosso crescimento diante
do que vier a ser exposto no texto que esboço, mesmo que à custa de um possível
desengavetamento de alguma falha de meu jeito de agir.
O fato é
que o artigo apreciado pelo Temer fala do quanto existem aqueles que simplesmente
negam o óbvio para não enfrentá-lo. Caso do governador de SP que tanto negou
haver crise no abastecimento da água, como agora também nega haver greve do
magistério. Hiena-se para não sair à superfície e ter que sobre suas pedras se
posicionar. Simples. Ou covarde. Depende do ponto de vista.
Aqui,
vou na contramão dessa cegueira fétida, principalmente para quem é governo e
tem a caneta a seu dispor. Quero falar do quanto, para enfrentar qualquer
problemática, o passo necessariamente inaugural para abrir as portas de uma
possível solução é ver e aceitar que a situação existe e é real. Assumindo-a,
estamos de posse da premissa necessária para cutucar suas determinações e
"enfrentar o touro à unha". Sem isso, é não ter os dados mínimos necessários
para adentrar pelos labirintos das tentativas de entendimento e superação.
Sou
mulher de meu tempo, até tida como de vanguarda pelas posições assumidas diante
dos acontecimentos. Verdade. E nem tanto. Avanço convivendo com atraso. Pois
não fui eu quem, dia desses, num restaurante com um grupo de amigos e amigas,
ao ver um casal de duas fascinantes jovens, que conosco estavam, se darem as
mãos, sem constrangimento de exporem ao mundo o amor que envolvem suas vidas,
fiquei um tanto deslocada diante do possível julgamento dos demais frequentadores
do local? E sabendo, por décadas de divã, que o que temo no outro está em mim
também, dei de cara com o meu próprio preconceito, escancarado. Fui eu, sim, a mesma pessoa
cuja casa é refúgio para todas as tribos, sejam quais forem as suas orientações
sexuais. A pessoa que acolhe, que acaricia, que abre-se a seus pares, quando se
viu num ambiente menos seu, teve seu lado pequeno e feio posto à prova. Meu
preconceito, que eu julgava inexistente (ou superado) saltou no meu colo,
postou- se diante de mim, decidido e inquirindo sobre minha coerência.
Como o
que sei fazer é isto, é o que é, sem disfarces, acima de tudo, olho no olho do
fantasma, chamo-o pelo nome e enfrento sua força com a minha teimosia em ser
minha melhor parte, sem escamotear nada e sem disfarçar a minha até
compreensível contradição.
Eu sou
mais eu. Aposto na verdade, na autenticidade e nas tentativas de busca do conforto
espiritual diante dos jeitos de ser que foram sendo costurados sob minha pele.
O amor
é, sempre foi e sempre será lindo. Esteja ele onde estiver, regendo e
enternecendo a vida de quem for. E eu estou certa de que estou aqui para
apreender.
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