segunda-feira, 1 de maio de 2017


ILUMINANDO SOMBRAS
28/04/2015
Sobre o artigo que Milton Temer divulga e que eu acabo de compartilhar, fico tentada a falar do oposto do que nele é tratado. Pelo menos, é o que me surge como tema a discutir. O de sempre, o trivial simples: eu e minha mania (santa?) de, em nome da ampliação das consciências falar do que me vai na alma. Seja o que for, se vai ou não me expor diante de quem vier a ler, isso, para mim, é mero detalhe, a "missão evangelizadora" (risos) justifica. O que importa é o que possamos refletir sobre o nosso crescimento diante do que vier a ser exposto no texto que esboço, mesmo que à custa de um possível desengavetamento de alguma falha de meu jeito de agir.
O fato é que o artigo apreciado pelo Temer fala do quanto existem aqueles que simplesmente negam o óbvio para não enfrentá-lo. Caso do governador de SP que tanto negou haver crise no abastecimento da água, como agora também nega haver greve do magistério. Hiena-se para não sair à superfície e ter que sobre suas pedras se posicionar. Simples. Ou covarde. Depende do ponto de vista.
Aqui, vou na contramão dessa cegueira fétida, principalmente para quem é governo e tem a caneta a seu dispor. Quero falar do quanto, para enfrentar qualquer problemática, o passo necessariamente inaugural para abrir as portas de uma possível solução é ver e aceitar que a situação existe e é real. Assumindo-a, estamos de posse da premissa necessária para cutucar suas determinações e "enfrentar o touro à unha". Sem isso, é não ter os dados mínimos necessários para adentrar pelos labirintos das tentativas de entendimento e superação.
Sou mulher de meu tempo, até tida como de vanguarda pelas posições assumidas diante dos acontecimentos. Verdade. E nem tanto. Avanço convivendo com atraso. Pois não fui eu quem, dia desses, num restaurante com um grupo de amigos e amigas, ao ver um casal de duas fascinantes jovens, que conosco estavam, se darem as mãos, sem constrangimento de exporem ao mundo o amor que envolvem suas vidas, fiquei um tanto deslocada diante do possível julgamento dos demais frequentadores do local? E sabendo, por décadas de divã, que o que temo no outro está em mim também, dei de cara com o meu próprio preconceito, escancarado. Fui eu, sim, a mesma pessoa cuja casa é refúgio para todas as tribos, sejam quais forem as suas orientações sexuais. A pessoa que acolhe, que acaricia, que abre-se a seus pares, quando se viu num ambiente menos seu, teve seu lado pequeno e feio posto à prova. Meu preconceito, que eu julgava inexistente (ou superado) saltou no meu colo, postou- se diante de mim, decidido e inquirindo sobre minha coerência.
Como o que sei fazer é isto, é o que é, sem disfarces, acima de tudo, olho no olho do fantasma, chamo-o pelo nome e enfrento sua força com a minha teimosia em ser minha melhor parte, sem escamotear nada e sem disfarçar a minha até compreensível contradição.
Eu sou mais eu. Aposto na verdade, na autenticidade e nas tentativas de busca do conforto espiritual diante dos jeitos de ser que foram sendo costurados sob minha pele.
O amor é, sempre foi e sempre será lindo. Esteja ele onde estiver, regendo e enternecendo a vida de quem for. E eu estou certa de que estou aqui para apreender.

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