sexta-feira, 30 de setembro de 2016

RETORNO

(Escrito em 30/09/2015, depois de passar alguns dias em atafona)

Amanheci em casa. Não sei se foi pelo reencontro com minha cama, depois de alguns dias de ausência, se pelo olhar que troquei com Mel quando nos reencontramos, mas acordei com um sorriso nos lábios, e com a seguinte frase me martelando a cabeça:
"O diabo sabe, não porque é sábio. O diabo sabe porque é velho."

Isso dá ou não dá o que pensar? E não é engraçado? Ou sou eu que estou abilolada, depois de ver a lua vermelha em Atafona, saber que tem água em Marte e já imaginar a guerra que vai haver em termos interplanetários para buscá-la por lá, enquanto aqui o precioso líquido se esvai, constatando que na Terra mesma, na velha e conhecida Casa dos Desiguais, tudo vai continuando turvo, leitoso, no mesmo infortúnio de sempre?

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

COMO AMO FRANCISCO!
(Escrito em 29/09/2014)
Francisco, que alegria estarmos vivendo o mesmo momento histórico! Testemunhar o que vem fazendo me coloca num estado de busca de pacificação em relação à prática mais usual da Igreja. Sua ação precisa alcançar cada paróquia, onde a lógica da discriminação está tão arraigada. Não sou católica mas em diversas situações vou a algum culto religioso e quase sempre é uma decepção.
Um exemplinho: numa comemoração de ex alunas de uma escola católica, todas contritas em estado de boas recordações, reunidas na linda Capela, tudo ia muito bem, até uma freira chamar à frente algumas daquelas ex-alunas, uma meia dúzia delas, para uma homenagem especial, sabe lá por quê. Parece um vício: se está tudo muito harmônico, igualitária, eis a chance de provocar uma situação de privilégio.
Como vc vem na contramão disso, Francisco! Muito bom de ver!
É a primeira vez na história da Igreja que um papa convoca líderes de movimentos sociais para um encontro de três dias, e não uma simples…
WWW.BRASILDEFATO.COM.BR


O QUE A POLÍTICA EXPÕE DA FRAQUEZA MORAL DAS PESSOAS
(Escrito em 29/09/2016)


Voto é muito sério. Mas é sério demais mesmo. É a minha opção por escolher quem fará o que eu faria para alcançar determinadas metas por mim almejadas para o que entendo ser uma sociedade humanizada, justa, democrática.


Quando escolho e aperto a tecla da urna eletrônica estou dizendo de mim mesma, estou anunciando quem sou eu, pois meu gesto carrega em si quem eu vejo e sinto como parte de mim na ação política concreta, seja no Parlamento, seja no Executivo.


Assim entendendo, como posso escolher um candidato que é oportunista, um candidato que é corrupto (ou omisso/cúmplice diante da ladroagem), um candidato preconceituoso ou com ideias avessas à humanização, à justiça, à democracia? A não ser que eu mesma contenha em mim mesma essas "qualidades"...


Por conta desse meu entendimento, juro que me envergonho (a tal vergonha pelo outro) ao ver pessoas, até pessoas que já considerei de bem, apoiando gente que mudou de lado quando lhe foi conveniente. Instintivamente, quase eu mesma me encolho para não sair na fita quando vejo gente que ontem, em Brasília, posava de papagaio de pirata / apoiador da presidente e hoje faz campanha por quem a traiu fragorosamente. É muita vergonha!


Não consigo me acostumar com o império instalado de interesses mesquinhos. O tal do "meu pirão primeiro" não me desce. Mesmo com pantoprazol antes e um outro antiácido depois, é intragável, incomível.


Quero votar em quem confio, em quem eu me veja refletida - em intenções e gestos.


É bem verdade que minha ingenuidade foi pro brejo e me trouxe um luto pesado, que levarei para o túmulo (leia-se "mar de Atafona"), mas é libertador, por mais doloroso que seja.


SERAFINI em Niterói/ FREIXO no Rio.



quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Resultado de imagem para chuvisco doce

Chuvisco com fel
(Escrito em  28/09/2015)
Saio do cinema onde fui ver "Que horas ela volta?", achando que não foi à toa que a vida me encaminhou para ver esse filme justo aqui em minha terra de nascença. Aqui eu vivi meus primeiros anos, minha formação inicial, aqui eu ouvi, como elogio, que Zebeque, o motorista de papai, "era um preto de alma branca"; também aqui, ouvi pessoas queridas, muitas delas cujos exemplos tive como aula - incessante e magna - referindo-se aos empregados como "essa gente", dando cruel visibilidade ao entendimento - tido e havido como correto e justo - de que o mundo se dividia em "nós" e "eles", piores, inferiores, e isso como jeito do mundo funcionar naturalmente; na mesma Beira Rio, banhada pelo Paraíba, meu vizinho de frente, vi crianças trabalhando desde bem meninas ainda, acompanhando a mãe lavadeira, vindo à cozinha da casa de meus pais, entrando pela porta dos fundos, trazendo uma trouxa de roupa, bem lavada e passada, vivenciando obrigações de adultos, ali, diante de mim, de idade tão próxima, mas com destino tão mais privilegiadamente delineado; vi, ouvi, absorvi, como minha natural "educação de base", que o mundo funciona de um jeito onde alguns cá estão para servir, enquanto outros para serem servidos; vi a doméstica ter seu prato preparado pela patroa, sem direito a escolher se queria um pouquinho mais de souflé ou de bife. Tudo sob as leis de Deus e a providencial caridade dos cristãos. Se algo não seguisse nessa ordem e estratificação e houvesse algum olhar dos de baixo para os de cima sem a devida humildade seria indício seguro de que o pobre era ingrato, mal acostumado, quem sabe até insolente , por "não saber o seu lugar" e ir além, confundindo as coisas. Com certeza, seria porque se deu a ele o pé e ele, perdendo a dimensão da realidade, queria a mão, um abusado...
Saio do cinema querendo rever o filme para apreender mais e mais detalhes, tamanha a identificação com situações já vividas por mim, não só na terra natal como pela vida afora: o papel higiênico de segunda no "banheiro de empregada" do apartamento do casal cujo voto costumava ser similar ao meu, sempre pela esquerda; a crítica por parte de uns e de outros, pela "falta de limites" que as empregadas têm lá em minha própria casa, desde que comecei a brincar de ser adulta; a falta de jeito de um conhecido ao ter que dividir a mesma mesa com a moça que trabalhava como doméstica em casa, sem que ela tivesse que esperar a "sua vez" de almoçar.
(Pequena nota de percurso : lembrei muito dos amigos Laura Esteves e Raymundo Oliveira (com certeza, eles nem sabem do quanto me reeducaram!), em cuja casa pela primeira vez dividi a mesa com a empregada, amiga do casal, aprendendo a fazer o mesmo em minha própria casa. Homenageio-os aqui, o que, aliás, já não era sem tempo).
Pois o filme foi apenas o aperitivo para o que viria. Por obra e graça do traçado da vida, estive presente, no mesmo dia, a uma reunião festiva, onde foi servido um mais que delicioso coquetel. Pois não é que uma senhora, conhecida da dona da festa, que estava a meu lado, em fraterna conversa de rememorações, não chegou perto dela e, altiva, com o olhar faiscando, não lhe chamou a atenção?: "Fulana, preste atenção, a sua empregada acaba de levar dois pratos cheirinhos de camarão e servir ao motorista! Convém você dar uma verificada."
Saí dali com ânsias. A vida em sociedade também tem destas cruezas. As marcas parece que não cansam de se evidenciar. Vontade mesmo eu tive de perguntar à malvada e insensível mulher: "O que é isto, criatura? Joga no lixo a sua prepotência, infeliz!"
Até agora ainda insisto em tentar pacificar meu coração. Não é fácil. Quando me lembro, o sabor das delícias por mim saboreadas ficam como que abafadas pelo amargor da inconformidade que tive que engolir.
Cruzes!



terça-feira, 27 de setembro de 2016


Amar


A linda Claudia, à direita, junto com outras pessoas também muito queridas, em junho último.


(Escrito em 27/09/2015, em homenagem a Claudia Delbons)

É pegar, com a própria mão, na geladeira requintada da cozinha - alva e ampla - um litro de leite de boa qualidade, uma caixa de chocolate de tipo bem saboroso, um creme de leite recolhido na despensa anexa, bem ao lado da área de serviço, curvar-se para buscar a panelinha clara no armário sob a pia, pegar uma colher de pau na gaveta onde se espalham apetrechos vários para as delícias que costumam ser aqui preparadas, apertar o botão que dá um gritinho anunciador de que o fogo já se faz presente, dedicar seu tempo a ir misturando os ingredientes que recém selecionou, e colocar-se a preparar o seu inigualável chocolate, cremoso e fumegante. Mas não é só isso. É também, concluída a tarefa e dando conta, sozinha, de acondicionar o líquido deveras delicioso num depósito apropriado e bem vedado, pegar a chave do carro, sair, fazer a manobra necessária para o veículo chegar à rua, dar saída e seguir alguns tantos quilômetros, alcançar a casa um tanto distante, para adoçar a boca e o coração de uma velha senhora, bem humilde, cuja vida já se estende por mais de 90 anos, enferma, que ama o seu chocolate quente.

Vivo aprendendo a viver com esta moça linda, por dentro e por fora, de quem tenho orgulho de ser tia e amiga.

Seu exemplo, seu viver, sua aura são mais brilhantes do que a lua que lá de cima nos traz beleza e inspiração, como registrei dijaojinha.

Como é magnífico estar viva para ver, quietinha, uma cena tão bela como esta. Tudo em silêncio. Tudo feito em gestos. O que faço apenas é narrar o que aprendi, jogando ao vento com minhas palavras, o que, com certeza pode gerar filhotes.




Simples assim
(Escrito às vésperas da eleição de 2014, em 27/09)
Do fundo da minha alma, eis o critério de que me sirvo para desempatar qualquer briga em 5 de outubro, simplinho, simplinho, simplinho, sem nem precisar recorrer a grandes matemáticas ou reflexões: estou aqui esperando filhos e amigos para o almoço, com uma deliciosa moqueca de peixe com banana da terra e um escondidinho de camarão. Almocinho dos deuses, pelo menu e pela graça de compartilhamento tão amoroso. Esse é o meu lado. Totalmente insuficiente! Eu poderia ter por critério o meu estômago saciado e votar em quem pudesse garantir mesa farta para alguns em detrimento de quem quer que fosse. Mas, e o meu semelhante, que não está convidado para esta minha saborosa troca afetivo-gastronômica de hoje? Quando, em que governo, a fome foi reduzida em nosso país? Não vale ninguém se servir de estatísticas "positivistas" e vir argumentar com aquela velha história de que há um frango, duas pessoas, uma comeu o frango inteiro, a outra nem viu o galináceo e, estatisticamente, cada qual comeu meio frango. Blefe como esse não vale! Então, votar hoje, me parece ser mais simples do que fazer um pirão (e que tudo mais vá pro inferno!): quem, mesmo com a garantia de ter sua mesa posta com fartura, tendo que governar no estreito espaço de indesejáveis alianças, trata de reduzir a fome alheia e deve contar com meu apoio incondicional? É com essa que eu vou. Simples assim.



Por outro lado... (Escrito em 28/09/2014)
(complemento necessário à minha postagem de ontem)
Também vejo clarinho, clarinho, que, reduzida a fome de comida fortalecedora do corpo físico, é também fundamental realimentar nossa população, todos nós, das delicias de se sentir com força para conquistar novos tempos de igualdade e fraternidade, tempos apenas viabilizados pela recuperação da esperança estraçalhada em nossos corações e mentes. E, para tanto, o Legislativo deve ser tomado, cada vez mais, por aqueles que ainda não desistiram da utopia de ver construída uma nova sociedade, justa e democrática em seu sentido mais pleno. Gente já acomodada "sabendo como a banda toca", gente desistente, insípida, sem garra, deve permanecer sem mandato, e mantida em suas atividades formal e informalmente voltadas para seus próprios interesses privados. Nas assembleias legislativas e no congresso nacional deve ter assento outro tipo de parlamentares - ousados e comprometidos com uma visão de mundo onde caiba o permanente sonho de que "um outro mundo é possível". A mim me parece que, salvo algumas poucas exceções, é em quadros partidários à esquerda - no PSOL e em raras exceções do PT - que podemos encontrar em quem votar. Assim, o PT governa em âmbito nacional dentro da margem do possível, enquanto o Parlamento se renova e grita por mudanças, transformações e novos tempos.

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

HISTORINHA DE VERDADE

    SERÁ O CASO?
(Escrito em 26/09/2016)

Adoro contar histórias para crianças. Fazer caras, bocas e vozes. Coisa de quem tem uma vocação para o palco, por mais mambembe que seja. Aliás, para falar em bom português, do que gosto mesmo é de inventar histórias. Daquelas que vão saindo, sem nenhuma lógica (aparente) e que fazem a criança ficar entregue à minha encenação e aos absurdos que vão ganhando vida por meu intermédio.
A ouvinte da vez, todos bem sabem, é Luna, a deusa da minha rua, a cereja do meu bolo, a lua do meu céu, a prenda da minha festa junina.
Ontem, aqui em casa, foi um dia de glória. Feito à mão. A muitas mãos. Filhos todos juntos (entenda-se dentro do conceito de FILHO o genro, Lu e Zeca, pais de Luna). O cardápio escolhido só por eles, em comum, eu só espreito e de antemão já sei que dali vem delícia. Só cuido de colocar um vinho tinto para dar uma geladinha e espero, entregue ao que Luna quiser de mim. Viro criança com ela e apenas brinco. Isso é tudo e basta.
Depois do almoço (este, é um caso à parte, não dá pra entrar aqui a descrição dos prazeres diante da massa caseira com gorgonzolla e as fraldinhas ao forno à moda argentina feitas por Martin Lozza, com a colaboração dos demais Zeca Azevedo, Mariana Lozza, Luciana Farias Sampaio e Mido...), bem, depois do almoço, rede com Luna e ... histórias, mote desta minha croniqueta de um domingo sem par. Para ficar na história.
Não sei se pelo vinho, pelo sono que se achegava ou pela mania mesma de rodopiar com minhas invencionices, a história de ontem foi surreal. Creio que mais do que de costume. Um leão. Um leão diferente. Um leão que tinha uma juba cor de manga e com gosto de manga. (Tudo contado com trejeitos e voz pausada). Ele caminha e encontra um macaco. Um macaco também diferente, com um rabo de cor diferente, cor de abacaxi e com gosto de abacaxi. Aí, um conversa com o outro. Leão e macaco ponderam... Haverá outros bichos diferentes como nós? E saem à procura de possíveis bichos diferentes. E não é que encontram? Quem? Um menino com os dentes que tinham gosto de morango... e seguem e encontram muitos mais: um peixe com a escama com gosto de limão bem azedo, uma galinha cuja asa esquerda possuía algumas penas com gosto de cerejas... e por aí fui, indefinidamente... Inúmeros bichos se achegaram... Até que achei que já havia bichos suficientes que justificavam que eu fosse caminhando para o fim da história. Coloquei todos em círculo ouvindo o leão, que começou a dizer – “vamos agora, cada qual provar o gostinho delicioso de cada qual: manga, limão, abacaxi...”
Agora, cedo, ao comentar com meu filho, Martin Lozza, as delícias de nosso dia de ontem, naquele friinho, com nossos amores mais achegados, acabei por relembrar, às gargalhadas, a minha historinha sem nexo. Ele parece, achou que eu exagerei desta vez e, com seu humor, sempre ácido, me repreende: “Mãe, de uma próxima, conta uma historinha da Disney mesmo...”

Muitos risos!!!!!!!! Altos!!!!!!!!!!!!! Ouviram daí?????????

domingo, 25 de setembro de 2016

ATÉ NISSO, VOU NA CONTRAMÃO?
(Escrito em 25/09/2013, quando fiquei magrinha)
Recebo uma mensagem trazendo a boa nova de que a EM CIMA DA HORA está aceitando inscrições para a ala das baianas. Eu, que hoje em dia, já ando com mais vagar, no samba, então, só vou de passinho curto, abro um largo sorriso, de fora a fora, e me satisfaço com a possibilidade de finalmente conhecer, por dentro, as tão cantadas emoções, de desfilar na Avenida. Sim, porque, até aqui, a única avenida que contou com o meu samba no pé foi a de São João da Barra ...
Sim, era tudo que eu mais queria, eu que ando alimentando a minha criança sadia, aquela que, enquanto eu vim virando gente adulta, sempre esteve irrequieta, saltitante em minhas entranhas, mas a quem eu nem podia dar a atenção devida, pois que estava a brincar de ser adulta, tratando de criar as duas crianças que conseguia ver fora de mim, meus adorados filhos... Então, é agora, chegou a hora! Bom por demais!
Mais que depressa, penso logo em quem mais, gorducha, poderia querer me acompanhar, destas amigas que também já estão se embaianando com a idade e que poderiam ver no chamado da Escola a sua oportunidade de rodopiar sem grande esforço. Ou com o esforço possível para a sua disposição corporal por metro cúbico. Ah, sim, Rita. É ela, ela vai adorar. Tem, inclusive, grande gosto pelo samba, samba com vontade, mais até do que o imaginado para os seus tão bem vividos e prolongados anos de vida.
Em questão de segundos a mensagem já lhe é retransmitida e passo a aguardar o seu aceite, enquanto trato de ir ticando as tarefas que tenho sobre a mesa: ligar para o serralheiro, escrever para a minha amada Martucha que faz anos, acabar de rever o texto que preciso concluir hoje, de qualquer maneira, avisar a Carlinhos, o jardineiro, que as plantas que estão na garagem são para serem plantadas no canteiro da frente do escritório, responder às inúmeras mensagens recebidas ontem, negar aquela possibilidade de consultoria, pois a instituição é privada e a grana proposta é curta demais, vergonhosa até, ..., enfim, viver a simplicidade de meu dia, com o espírito mais que aberto para o que já se faz necessário e para o for chegando...
Rita é notívaga, não foram poucas as vezes em que eu escrevi para ela às cinco e pouco da manhã e ela me respondia imediatamente – eu, já saída da cama para um novo dia, e ela, ainda por ir se deitar. Parecia até aquela história do boêmio de minha cidade que, ao ser encontrado pela manhã, no bar, pelo amigo trabalhador, indo comprar pão, foi questionado: “Já, Sebastião?” E ele, “Não, amigo, ainda”.
Fora esse descompasso de horário, no mais Rita e eu somos amigas, irmãs de afinidades e modos de vida. Sempre gostamos muito uma da outra. Um desfile juntas – e na Ala das Baianas! – vai ser bem legal. Mas, hoje, a decepção foi enorme com ela. Com sua resposta dela, quase fui ao chão, estatelada: “Está maluca, menina?” Esqueceu que você deixou de ter corpo graúdo, criatura? Na mensagem que vc me mandou eles pedem foto. Você, agora, com a sua magreza, está mais para sambista velha do que para velha sambista, companheira.”
Que desacerto! Isso, para não dizer “Que ódio!!!!”. Até meu emagrecimento chegou na hora errada, Deus meu? Pelo escasseamento das minhas forças físicas temo fraquejar, se desfilar em qualquer das outras alas. Não me atrevo. E da maneira que imagino possível, na ala das baianas, não posso entrar por inadequação corporal? Quando chegará a minha vez? Acho que é caso de, rapidinho, começar a acreditar em uma segunda, terceira, sei lá quantas, vidas depois desta. Caso contrário, é guardar essa frustração para compor meus restos que se banharão no mar de Atafona? Será? Por qual motivo, EM CIMA DA HORA você chegou pra mim DEPOIS DA HORA? Se fosse ano passado...
Em frente de casa, em 2013

sábado, 24 de setembro de 2016

INCOMPETÊNCIA, CADA QUAL TEM A SUA

(Escrito em 24/09/2013)
Hoje, voltei pra minha “roça” com o firme propósito de passar no mercado e comprar frutas (Huuum, encontrarei pinhas tão boas quanto da última vez?), talvez alguns legumes, um sabão mais barato para lavar o chão lá de fora, sem falar daqueles inesperados acréscimos que minhas mãos, na mais deslavada gulodice fossem buscando nas prateleiras, o que é sempre certo de acontecer. Doces não posso, mas cato todas as paçocas e pés-de-moleque diets que os “glicosados”, como eu, podem aproveitar enquanto esperam o final de semana capaz de trazer alguma alforria quanto a açúcares e aparentados. Alforria, diga-se de passagem, decretada por mim mesma, em minhas próprias negociações com a vida...
Pois bem, já no caixa, um tanto irritada, coisa que não é do meu feitio, pelo contrário - eu que já quase estou puxando conversa com guarda de trânsito (e tenho ojeriza a fardas de quaisquer tipos) -, pois me vejo com o carrinho quase vazio de grande parte das compras programadas como necessárias. Deliciosos queijinhos, sim, estavam lá, aquele jamon crudo, de minha paixão, certo, estava no canto, os tais diets, alguns até desconhecidos e com aparência de apetitosos, também diziam presente ali do lado esquerdo... Mas e as frutas e os legumes? Apenas duas batatas doces e uma bela penca de bananas. E prata, as da terra ficaram para trás! E SÓ!
Muita irritação! Hoje, sozinha, não houve jeito de abrir aqueles infernais saquinhos de plástico transparente para colocar cada hortaliça, legume ou fruta que eu escolhia. Por mais que eu os esfregasse com as mãos, com os dedos, em cada extremidade, no meio, de um lado ou de outro, amassasse-os – com maior ou menor vigor – NÃO CONSEGUI ABRIR AQUELES INFELIZES, que permaneceram irritantemente colados, sem abrir a boca, pirracentos, diante de quaisquer de meus inúteis esforços. E eu que sou jeitosa com as mãos – conserto tomadas, faço embrulhos com um certo charme, até mesmo uma enceradeira, no tempo em que dela nos servíamos, já dei conta de colocar para funcionar... Mas, não há jeito: tricô, crochê e, hoje, mais uma vez confirmado, abrir saquinho plástico – são tarefas acima das minhas habilidades manuais... ARGH!!!!!!!!!
Depois, uns e outros me acham gastadeira por pedir por telefone ou pela internet, pagando muito mais, é óbvio, tudo aquilo que pode deixar a minha geladeira abastecida. Fazer o quê, amigos? Não consigo! Vocês conseguem? Qual é o mistério?

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

GRATIDÃO
(ESCRITO EM 23/09/2016, APÓS A BOA NOTÍCIA SOBRE MINHA SAÚDE)

Mariana quer que eu agradeça a Deus. Martin também. Muitos dos familiares e amigos queridos de modo idêntico. Mas, nem em situações-limite como esta que vivi, como outras para trás, não tenho esta fé que esperam de mim, e fico apenas à espera do que vem. Passivamente. Sem nenhum poder, nem posto em mim nem em quem quer que seja, maior do que eu. Não por desrespeito a nada ou a ninguém.  Esse ser superior é para mim desconhecido e não sentido.  Racionalmente ele não me chega. Intuitivamente, ele não me sensibiliza. Tenho até medo de falar assim e, na minha ignorância e sinceridade, ofender o grande autor das coisas e dos destinos, e ser penalizada por força de seu poder. Verdade! Sou um poço de dúvidas. Vai que Irmã Zilda tinha razão, há um juízo final e eu me lasco toda... Mas, tenho um lado meu – o mais nítido – que crê que o esforço que faço para ser uma pessoa de bem é o que vale. Mais até, muito mais, do que ir à missa e não olhar o outro como um igual. E, aí, nesse contexto de não saberes, de dúvidas e de questionamentos, uma certeza eu tenho: é a que gira em torno do amor de meus amigos – de sangue e da vida – tanto deles para mim como de mim para cada um. Então, depois daquela breve notícia que dei ontem, hoje, mais acordada, beijo cada um, agradecendo a torcida, as orações, as rezas, os bons pensamentos, a comunhão em torno de uma boa notícia que veio para mim. Os nódulos estão lá, a cada tanto devem ser acompanhados, mas não são motivo de preocupação.
UFA!
Continuemos juntos, amorosamente. 
Grata!


quarta-feira, 21 de setembro de 2016

UNHAS, CABELO E SOBRANCELHAS
(Versão feminina para o tradicional “BARBA, CABELO E BIGODE”)

É o que a GLOBO faz conosco – alcança o conjunto de nossa atenção em relação ao mundo. Atira em todas as direções para nos atingir em cheio. É o “barba, cabelo e bigode” mesmo, no sentido de “serviço completo”. Vejam se estou enganada... Nos noticiários (com especial cuidado em relação ao JN e ao que a GLOBO News divulga com seus “repórteres especializados em política (qua qua qua)” faz a cabeça do sujeito, virando-a à força para a direita, para o atraso, para o pensamento hegemônico que nos abrange, fazendo das tripas coração para que acreditemos que o melhor lado do mundo é o que despreza os pobres, o que mantém a desigualdade – e até a acentua - , reprime a cidadania, retém as forças progressistas em relação à humanização e esperança.

Tenho para mim que o noticiário da rede Globo só deve ser visto para que se analise seus ocultamentos, seus disfarces, suas ênfases, a ordem dada a cada notícia, o tom, as imagens, os ângulos, essas técnicas de criar e recriar o que de fato aconteceu. Para se informar, é perda de tempo. A não ser que se deseje permanecer na posição de observador obediente do que é disseminado para que guardemos – e espalhemos – como verdade.

Isso, no noticiário. Um lado. Há o outro. Oposto, não raras vezes, inovador. Mesmo que as novelas sejam, muitas e muitas vezes, de uma mesmice aterradora, há algumas delas em que a GLOBO vira tudo de ponta a cabeça e nos seduz com os belíssimos trabalhos de sua equipe de autores e atores. Olho aqui especialmente para a belíssima, intrigante e inovadora “O VELHO CHICO”. Nela, o mundo é outro, há quase o anúncio subjacente da marca do PSOL de que “um outro mundo é possível”. Os capítulos se sucedem e neles o ruralista não tem vez, a natureza é preservada, são até ensinadas técnicas de plantio de modo a preservar a terra; condena-se a destruição do velho Rio; o militante de esquerda é enaltecido; o vereador combativo é valorizado; o bom trabalho da professora fica à mostra, a tal ponto dela estar se candidatando a prefeita do lugar; não há ninguém chamado de vândalo nem de terrorista, mesmo que agindo contra os coronéis de plantão; a polícia corrupta é desmascarada; o político sacripanta é exposto em seus vícios; enfim, todos têm direito a usufruir a beleza, e o mais espantoso de tudo: o pobre tem razão em sua luta e o mal está do outro lado.

Pensando bem e para não me alongar mais (como sempre faço), depois disso tudo que disse, o melhor título/ditado para este escrito deveria ser bem outro: DÁ COM UMA MÃO, TIRA COM A OUTRA. Dentre outros... (o da foto, por exemplo, é o famoso "lobo em pele de cordeiro")

Mas, nada é por acaso, é feito assim e para ser assim. A contradição É DO JOGO e tanto favorece os donos da mídia como também a cada um de nós. E viva possibilidade de ampliarmos a chance de utilizarmos a crítica como método de entender o mundo!

terça-feira, 20 de setembro de 2016

"É preciso viver tristeza para ter alegria."

(Wellington Nogueira - Coordenador da ONG Doutores da Alegria, ator e palhaço)
(Escrito em 20/09/2016)


Creio que não foi à toa que, ao ler a edição virtual da FOLHA de SP, dei com esta frase, que abre a entrevista feita com o Wellington. Ah, não foi, não. Só pode ser uma destas peças que a vida coloca em meu caminho para me ensinar alguma nova traquitana para bem cruzar o meu viver. É que desde ontem estou com uma viva tristeza no meu coração. Intensa até dizer chega. A chuva parece que facilita, amplia as brechas para que venham se achegando e tomando assento as saudades que mostram-se mais tíbias em dias menos escuros. É, mas nisso há um certo engano. Não é só artimanha da chuva, não. Tem dias ensolarados que por dentro de mim também chove a cântaros. É da arte intrincada da vida mesmo. Chova ou faça sol, com ou sem neblina, protegida ou não por guarda-chuva ou capa, por mais requintada que seja, sob lençóis perfumados ou a mais aquecida manta de pura lã, tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu. Ou, o que é pior ainda, sentindo falta física de quem partiu ou morreu.

Retorne, ALEGRIA, reapareça, dê sinal de vida, pois que a TRISTEZA já está se encompridando demais, parece até a Guerra dos Cem Anos, longa como ela só, a ponto de ter mais 16 anos do que o seu próprio nome indica!

Huuuuum, peguei pesado. Exagerei? Pois é, bem sei. Mas é um dos meus males quando escrevo. Vale buscar o que for para encaminhar o que vou espichando do assunto. Vale para o escrito e para minha salvaguarda. É o mal e o bem que, comigo, vivem entrelaçados. Pronto! Virei o disco. Já ri de mim. Guerra dos 100 anos é piada. Até grosseira. Coisa de pescador mentiroso. E esse é o melhor recomeço para a minha porção que aproveita a batata que é o meu nariz e tasca uma bola vermelha na ponta - redondinha - e pisca pro espelho, já ensaiando um leve sorriso...

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Pois é... diz a lenda, diz a moça, diz o velho, diz a poça d'água refletindo a claridade do sol, diz o pássaro (talvez não o da gaiola), mas aquele da árvore em frente, diz a cebolinha que nasceu da cebolona, diz a terra recém molhada e fresca de vida nova, diz a pipa colorida lá do alto do azul do céu, creio mesmo, minha amiga, que dizemos todos nós, os que prezam o sorriso, o olho no olho, o gosto do beijo, a vida traçada a muitas mãos ... e a infinitos olhares, por suposto...



(Escrito em 19/09/2014, a partir de uma postagem do Facebook)
Para Joana Duarte, com muito amor

Jojô comigo no dia de sua formatura
Orgulho, alegria, realização

Eu já sabia que a opção dela era fazer este trabalho de conclusão de curso na UFRJ (Comunicação Social): um livro infanto-juvenil que mostrasse uma segunda versão do ensaio "Body ritual among the Nacirema", de Horace Miner, no qual nós, americanos, somos apresentados em nossas idiossincrasias, provocando um estranhamento hipoteticamente vivido por quem não nos conhece e se depara com nossos hábitos no cotidiano.

Já quando soube da sua intenção, o entusiasmo tomou conta de mim e caí de elogios sobre aquela que, para mim, ainda não se desgrudara da imagem de uma menininha suave, discreta e adorável. Mas, reitero, apenas uma menininha.

Ontem, a minha querida sobrinha-neta Joana Duarte, neta de Uzinha, minha querida irmã, me trouxe a OBRA, a meu pedido, para que eu usufruísse a beleza do seu feito. Em torno de uma mesa de lanche, bem simples, de final de domingo, uma cuca de banana, um café preto, uma pequena porção de pães franceses quentinhos e algumas torradas cobertas de uma deliciosa mistura, que viria a ser recheio de algumas empanadas a serem feitas por Martin Lozza, aqui mesmo, na cozinha de casa, lugar oficial das conversas com quem chega, alongamo-nos em trocas afetivas, ela, seus pais e irmão, e eu. Tudo quentinho como o pão servido.

O livro, guardei para ler depois, sozinha. E foi o que fiz antes de dormir e refiz hoje cedo. A história dele, o seu conteúdo, a sua trajetória eu já conhecia. Mas, foi impactante a beleza do que vi. Que trabalho esplêndido! Que ideia fantástica teve a nossa Jojô! O trabalho do ilustrador Vinícius Gerhein também é magnífico. Muita beleza de uma vez só!

As "nossas crianças" são assim, surpreendentes. Fico a imaginar que, como insistimos em considerá-las e percebê-las como miúdas, balbuciantes em seus saberes, iniciantes em suas construções nesta vida, um dia elas nos arrebatam com algo seu, um feito de gente que cria e que tem a dar ao mundo. Foi o que Jojô, a mulher Jojô, me proporcionou, colocando-me a nocaute em minha capacidade de enxergar a sua evolução, competência e criatividade.

Minha querida, Jojô, como em sua geração, os fatos para existirem de fato precisam ser registrados, divulgados, anunciados, aqui vai, para o distinto público, o meu enorme orgulho por você caminhar como tem caminhado e vir crescendo neste seu lindo caminho.

Gratíssima por viver este momento, minha querida! Parabéns a você e à sua família - Henrique Portella Duarte, Maria Rosane Pessanha e Mateus Ribeiro -, com certeza, os pares que facilitaram o seu florescimento como pessoa de inestimável valor.

Tia Lulu

Nota final: precisamos encontrar uma forma deste exemplar ser publicado, pois as coisas boas precisam correr o mundo. Guardar só com a gente é "pecado".

domingo, 18 de setembro de 2016

PEÇA DESCULPAS, LULA!
(Escrito em 18/09/2016)

Que fala horrorosa de Lula quando menosprezou os servidores concursados e enalteceu os políticos que "passam no exame das ruas", quando em campanha! Pior impossível! logo ele, que sempre tem o dom da palavra, é convincente, sedutor em seus argumentos e maneiras de expor suas ideias... Que mancada! Um furo e tanto, senhor Lula! No meu entender é caso de pedir desculpas. Seu discurso fica pau a pau, em erro conceitual e político, com a fala de minha xará, Cármen Lúcia, quando ela falou algo sobre autismo, do que, aliás, felizmente, já se desculpou.

É preciso ter mesmo uma visão macro e não se deixar levar por esse seu engano lamentável, Luis Inácio. Não fosse assim, babau...
Mas..., como já passei da idade de ver o mundo ou preto ou branco, ou vermelho ou cinza, ganhei um olhar amplo para a política que foi feita em seu governo e no da presidente Dilma (de quem, aliás, gosto muito mais do que do senhor. Gosto, respeito e admiro). Assim, analiso e rejeito a sua fala mas não a tomo como o marcador capaz de definir a minha opção quanto ao que é melhor para o Brasil. Não, não é. Para mim, não é.

É por força do somatório dos esforços feitos em prol da ampliação de oportunidades para os mais humildes que continuo apoiando os governos do PT, em âmbito nacional, apesar de tantos equívocos cometidos, entre os quais se soma este último oriundo de seu improviso.

Não perco meu tempo em enumerar novamente as ações que julgo equivocadas nos governos do PT (já falei diversas vezes sobre isso). O que quero registrar aqui e agora é o quanto uma faceta de uma situação, uma parte de um todo não deve servir de parâmetro para nossas escolhas e decisões. Até porque, se olho para o outro lado, para o lado dos que não tiveram nem têm um equívoco tão vexaminoso como o do Lula nesse episódio, só vejo gente que nunca disse tamanha bobagem, mas PENSAM e AGEM sempre contra o povo brasileiro.

Então, amigos, continuo com a minha opção em seu favor, Luis Inácio. Até porque, quem fez alguma coisa para que os pobres pudessem passar em concursos públicos foi o seu partido no governo. É como vejo.