UNHAS, CABELO E SOBRANCELHAS
(Versão feminina para o tradicional “BARBA, CABELO E BIGODE”)
É o que a GLOBO faz conosco – alcança o conjunto de nossa atenção em relação ao mundo. Atira em todas as direções para nos atingir em cheio. É o “barba, cabelo e bigode” mesmo, no sentido de “serviço completo”. Vejam se estou enganada... Nos noticiários (com especial cuidado em relação ao JN e ao que a GLOBO News divulga com seus “repórteres especializados em política (qua qua qua)” faz a cabeça do sujeito, virando-a à força para a direita, para o atraso, para o pensamento hegemônico que nos abrange, fazendo das tripas coração para que acreditemos que o melhor lado do mundo é o que despreza os pobres, o que mantém a desigualdade – e até a acentua - , reprime a cidadania, retém as forças progressistas em relação à humanização e esperança.
Tenho para mim que o noticiário da rede Globo só deve ser visto para que se analise seus ocultamentos, seus disfarces, suas ênfases, a ordem dada a cada notícia, o tom, as imagens, os ângulos, essas técnicas de criar e recriar o que de fato aconteceu. Para se informar, é perda de tempo. A não ser que se deseje permanecer na posição de observador obediente do que é disseminado para que guardemos – e espalhemos – como verdade.
Isso, no noticiário. Um lado. Há o outro. Oposto, não raras vezes, inovador. Mesmo que as novelas sejam, muitas e muitas vezes, de uma mesmice aterradora, há algumas delas em que a GLOBO vira tudo de ponta a cabeça e nos seduz com os belíssimos trabalhos de sua equipe de autores e atores. Olho aqui especialmente para a belíssima, intrigante e inovadora “O VELHO CHICO”. Nela, o mundo é outro, há quase o anúncio subjacente da marca do PSOL de que “um outro mundo é possível”. Os capítulos se sucedem e neles o ruralista não tem vez, a natureza é preservada, são até ensinadas técnicas de plantio de modo a preservar a terra; condena-se a destruição do velho Rio; o militante de esquerda é enaltecido; o vereador combativo é valorizado; o bom trabalho da professora fica à mostra, a tal ponto dela estar se candidatando a prefeita do lugar; não há ninguém chamado de vândalo nem de terrorista, mesmo que agindo contra os coronéis de plantão; a polícia corrupta é desmascarada; o político sacripanta é exposto em seus vícios; enfim, todos têm direito a usufruir a beleza, e o mais espantoso de tudo: o pobre tem razão em sua luta e o mal está do outro lado.
Pensando bem e para não me alongar mais (como sempre faço), depois disso tudo que disse, o melhor título/ditado para este escrito deveria ser bem outro: DÁ COM UMA MÃO, TIRA COM A OUTRA. Dentre outros... (o da foto, por exemplo, é o famoso "lobo em pele de cordeiro")
Mas, nada é por acaso, é feito assim e para ser assim. A contradição É DO JOGO e tanto favorece os donos da mídia como também a cada um de nós. E viva possibilidade de ampliarmos a chance de utilizarmos a crítica como método de entender o mundo!
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