segunda-feira, 5 de setembro de 2016



SEM VOCÊS, PALAVRAS

(Escrito em  5/09/2014)

(depois de não conseguir escrever há muitos e atordoantes dias...)
Oh, palavras, quaisquer delas, longas, miúdas, coloridas, opacas ou translúcidas, quaisquer que sejam, em sua força ou fragilidade, por que me abandonaram, deixando-me calada, sem virem em meu socorro, vocês que nunca me faltaram e sempre estiveram junto de mim, certeiras, a me devolver sorrisos e aliviar amarguras? Por que secaram em meu peito, em meu coração, em minha imaginação todas aquelas letras significantes que vinham apressadas, fazendo-se textos, uns mais alentados, outros nem tanto, mas cada qual pronta a vir lá do fundo da alma, aliviar meus penares e minhas dores? Que é de você, palavra amiga, companheira de décadas e mais décadas, fiel tradutora de meus sentires, restauradora de meu olhar ameno diante das agruras do cotidiano? Por que se faz ausente, companheira? Por que me abandona ao meu próprio pesar, ao meu próprio atordoamento diante das decepções e da amargura? Ensurdeceu? Cansou de mim e de meus queixumes?
Venha a mim, palavra de todos os meus tempos e de todos os mais vastos tipos! Sem você estou seca de dizeres. Sua ausência já se faz insuportável. Sem seu refúgio, não consigo me enxergar e ver. Pode vir devagarinho, sorrateira, mas não fique mais tão ausente, abandonando-me a ficar intraduzível em minha agonia de viver sem ir ao mundo em busca de me ouvir, vendo-me, por seu intermédio, fora de mim.

https://www.youtube.com/watch?v=lcBzM77eEEc




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