JUNTOS
Inhotim |
“O homem não pode esquecer que o que o move e o transcende é a sua frágil condição de desamparo ontológico, só suportável e superável através da convocação ao convívio amoroso e à abertura radical ao Outro, o semelhante.”
(Hélio Pellegrino, lembrado por Maria Clara Pellegrino – O GLOBO – 10 de agosto de 2004
Dia de sol, na vida e na alma. Hoje voltei a uma escola pública, depois de um bom tempo,... para estudar com seus professores, e para estudar não um tema qualquer, mas aquele que me apaixona há longo tempo em minha trajetória profissional – a influência da mídia na formação de nossas subjetividades. Sim, porque estou convencida de que professor que se coloca como um leitor crítico, pode estar mais preparado para fazer seus alunos pensarem e até, se lhes aprouver, interferirem socialmente.
Desde a chegada, ainda na rua, curtindo aquela ponta da Baía, ali em Jurujuba, com seus barcos meio encantados a colorir o canto da praia, já estava pressentindo o prazer que se avizinhava. Quanta saudade de estar naquele meu antigo e permanente lugar! E foi mesmo, chegar e estar em casa! Uma bela escola, com cara de escola de verdade, limpa, cuidada, murais organizados e cativando o interesse dos passantes, cheiro de comida bem temperada sendo feita, e um animado grupo de professoras, todas mulheres, a me aguardar, na sala de leitura, bem equipada, colorida por livros e mais livros de literatura infantil e juvenil.
Tenho aprendido, cada vez mais, que a vida parece ter seu curso próprio e que cada um de nós pega uma carona, sabe-se lá de onde até qual lugar, tamanha a pouca força de nosso controle sobre os fatos e circunstâncias. Sujeito da História é tarefa grande demais sobre a qual não tenho mais grandes ilusões. É amanhecer, olhar o que há para ser feito e construir, generosamente, o que há que ser feito, sempre na perspectiva de nossa utilidade para o mundo ser um pouco menos perverso. É o aqui e agora, e olhe lá! E isso, até quando for o caso, pois o agora também pode ser caçado a qualquer instante.
Pois hoje, a tarefa foi além do esperado. Mais recebi do que me doei. Os olhares e as falas traduziam vontade de estar junto e em sintonia. De fato, reencontrar meus pares, na crença de que juntos podemos ser melhores pelo OUTRO foi de uma valia extrema. Conversamos e conversamos muito. Claro que voltarei! Cada qual se colocar na contramão da lógica dominante é tarefa difícil e que só pode ser feita ombro a ombro e de modo permanente. Rever o que está posto e se lançar numa prática questionadora é tarefa para dia após dia. E o OUTRO, no caso os meninos e meninas em processo de formação, são a razão para a gente querer amanhecer amanhã e seguir adiante. Esse, sim, é o amor que vale a pena e que traz sentido à vida. O imortal Hélio Pellegrino tinha razão: o outro nos abençoa com sua presença em nossas vidas. Como também o inesquecível Carlito Maia, quando afirmou – e eu nunca me canso de repetir – que “precisamos de muito pouco, apenas uns dos outros”. Ou ainda: “Façamos nós por nossas mãos tudo o que a nós diz respeito”. (Fragmento de A Internacional)
(Hélio Pellegrino, lembrado por Maria Clara Pellegrino – O GLOBO – 10 de agosto de 2004
Dia de sol, na vida e na alma. Hoje voltei a uma escola pública, depois de um bom tempo,... para estudar com seus professores, e para estudar não um tema qualquer, mas aquele que me apaixona há longo tempo em minha trajetória profissional – a influência da mídia na formação de nossas subjetividades. Sim, porque estou convencida de que professor que se coloca como um leitor crítico, pode estar mais preparado para fazer seus alunos pensarem e até, se lhes aprouver, interferirem socialmente.
Desde a chegada, ainda na rua, curtindo aquela ponta da Baía, ali em Jurujuba, com seus barcos meio encantados a colorir o canto da praia, já estava pressentindo o prazer que se avizinhava. Quanta saudade de estar naquele meu antigo e permanente lugar! E foi mesmo, chegar e estar em casa! Uma bela escola, com cara de escola de verdade, limpa, cuidada, murais organizados e cativando o interesse dos passantes, cheiro de comida bem temperada sendo feita, e um animado grupo de professoras, todas mulheres, a me aguardar, na sala de leitura, bem equipada, colorida por livros e mais livros de literatura infantil e juvenil.
Tenho aprendido, cada vez mais, que a vida parece ter seu curso próprio e que cada um de nós pega uma carona, sabe-se lá de onde até qual lugar, tamanha a pouca força de nosso controle sobre os fatos e circunstâncias. Sujeito da História é tarefa grande demais sobre a qual não tenho mais grandes ilusões. É amanhecer, olhar o que há para ser feito e construir, generosamente, o que há que ser feito, sempre na perspectiva de nossa utilidade para o mundo ser um pouco menos perverso. É o aqui e agora, e olhe lá! E isso, até quando for o caso, pois o agora também pode ser caçado a qualquer instante.
Pois hoje, a tarefa foi além do esperado. Mais recebi do que me doei. Os olhares e as falas traduziam vontade de estar junto e em sintonia. De fato, reencontrar meus pares, na crença de que juntos podemos ser melhores pelo OUTRO foi de uma valia extrema. Conversamos e conversamos muito. Claro que voltarei! Cada qual se colocar na contramão da lógica dominante é tarefa difícil e que só pode ser feita ombro a ombro e de modo permanente. Rever o que está posto e se lançar numa prática questionadora é tarefa para dia após dia. E o OUTRO, no caso os meninos e meninas em processo de formação, são a razão para a gente querer amanhecer amanhã e seguir adiante. Esse, sim, é o amor que vale a pena e que traz sentido à vida. O imortal Hélio Pellegrino tinha razão: o outro nos abençoa com sua presença em nossas vidas. Como também o inesquecível Carlito Maia, quando afirmou – e eu nunca me canso de repetir – que “precisamos de muito pouco, apenas uns dos outros”. Ou ainda: “Façamos nós por nossas mãos tudo o que a nós diz respeito”. (Fragmento de A Internacional)
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