quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Eu e papai na casa da Beira Rio, lugar das minhas maiores recordações de infância.
OUTUBRO NÃO EXISTE SEM JANEIRO NEM JUNHO SEM SETEMBRO

Em minha família, dos 9 filhos de papai e mamãe, 3 deles são nascidos em outubro. Dia 13 seria aniversário de Renato, 15 de padrinho Tininho e hoje, 16, de Maninho. Eu, que sobre tudo e sobre todos penso e imagino, me surpreendi por não haver nunca pensado nisto antes, quando um dos filhos, numa conversa, dia desses, à mesa de café, veio com e...sta: “Os velhos gostavam do mês de janeiro, não é? Como se fazia filho no verão...”
Pois não é que é verdade? Vindos à luz em outubro, postos a existir em janeiro. Óbvio. É só subtrair 10 de 9 que chegamos ao mês primeiro. E o que melhor, pensei de imediato: janeiro era tempo de estar no Paraíso, em Atafona. De manhã cedo, na praia, deviam se besuntar de areia monazítica (farta naqueles tempos), e, de noite, fortalecidos, com certeza pela fartura da boa mesa (Um pernil de porco? Um robalo?) e de muita papa de milho com café, ao cair da tarde, se entregavam aos prazeres de se amar. Que danados! E mamãe com aquela cara de santa... Mas, ela não tinha culpa, a papai seria difícil resistir...
Eu que vivi num lar totalmente atípico, com pai e mãe de relações cortadas desde sempre, morria de alegria quando os irmãos mais velhos contavam que o casal, antes de se desentender para sempre, era dado a noites de amor, em alto e bom som. Sexo era assunto inexistente, ainda mais envolvendo pai e mãe... Pois lá em casa, terra de extremos, ou os pais não se falavam – foi o que eu vi, desde sempre – ou eram dados ao amor – coisa de que eu apenas ouvia falar, uma pena! Altos e baixos. Paixão e indiferença. Falas e silêncios. Olhares e distanciamentos. Como eu poderia sair diferente?
Pelo visto, a gente aprende de tudo quanto é jeito – pelo que vê, pelo que escuta, pelo que supõe, pelo que deseja, pelo que prospecta, pelo que fantasia, pelo que... vá saber todas as fontes de onde aporta vida pra cada um de nós... eu é que nem me arrisco a completar o rol de bolhas ensinantes que nos chegam daqui e de acolá.
------------ Tempo -----------
E eu, que conto nos dedos , como aprendi lá no Calomeni, sem nunca decorar a tabuada, faço novos cálculos e tiro a prova dos 9: chegada à vida em meados de junho, fui feita em setembro. É isto! Acabo de entender o porquê esse é um mês que sempre foi tão repleto de flores para mim...


----------------- Comentário final ----------------------------------

Como envelhecer tem (pelo menos) isto de bom: com ou sem cabelos brancos visíveis, a gente (eu, pelo menos) dependuro a alma na janela e a exponho, sem meias conversas, sem falsa moral, sem disfarces. Coisa danada de boa! E viva "seu" João e "dona" Neném

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