quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Em 7 de outubro

O poder oculto de um sentimento

Hoje ouvi Betânia no Canal Brasil dizendo que música é igual a perfume, de imediato traz imagens, sensações, as coisas do sentimento, guardadas em nosso espírito, meio que adormecidas até serem acordadas de sua aparente inexistência. Ouvi e fiquei a matutar como ela tem razão e o quanto existem determinadas sensações que, realmente, provocam como que um choque e ab...rem as porteiras das lembranças, sem aviso prévio, a ponto de assustar aquele que inocentemente vai dando conta do seu cotidiano, realizando ações as mais diversas, aqui e ali, à luz do dia ou na penumbra da madrugada, até que uma história sua salta à sua frente, da maneira mais do que inesperada, despertada que foi, seja por um cheiro que invade o ambiente, uma música que penetra nossos ouvidos, ou mesmo, acrescento eu, uma imagem recém captada por nosso olhar até ali distraído.

Provocada pela artista tão querida, penso no quanto há algumas imagens que se fixam dentro da gente e que nosso olho quando as percebe diante de si logo faz sinal para o coração e ele, em êxtase, dispara de felicidade! Pois assim é todas as vezes que minha caixa de entrada abre as portas para receber alguma coisa do meu amor. Os meus olhos, profundos conhecedores daquele endereço especial, aquele conjunto de letras, uma seguidinha da outra, daquele jeito único, naquela ordem singular, daquela exata extensão antes da @ e dos acréscimos que garantem a sua chegada ao destino esperado, podem acreditar: como que por milagre, ganham um poder inusitado, o de, como uma poderosa mão tocando um interruptor invisível, sair iluminando minhas entranhas, como que a espalhar choquinhos por todos os recantos de minhas vísceras, a começar pelo meio do peito. É mensagem dele. Parem as máquinas!

Assim como Thiago de Mello um dia decretou que

“fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será suprimida dos dicionários e do pântano enganoso das bocas, a partir deste instante, a liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio, e a sua morada será sempre o coração do homem”,

também eu, decreto, instantaneamente, que cessem todas as demais tarefas, das mais urgentes às mais supérfluas. Sobre a mesa e em todas as direções para as quais eu possa me voltar só há uma única tarefa e exigir a atenção de todos os meus sentidos, razão, tempo, atenção: a leitura do que ele tem a me dizer. O resto é o resto, a sobra, o que pode esperar, o que pode e deve se ver depois, o mundo das desimportâncias.

A ordem vem do fundo da alma e é como se assim dissesse, baixinho: “Fale, querido: como vai você?”
Mãos em tempos de amor - fugazes -  como é da ordem das coisas do mundo dos inconstantes

Nenhum comentário:

Postar um comentário