Primeira Comunhão, tempos de católica |
UMA EXPERIÊNCIA RELIGIOSA COMO POUCAS
Tem dias que me dá de lembrar coisas que eu não sei porquê, de onde surgem, qual o motivo da rememoração. Isso é comum... Hoje estou tomada por uma história que vivi e, não tem jeito, enquanto eu não me pus a registrá-la, a danada ficou aqui me perturbando, empurrando-me para o teclado e tirando minha concentração para o trabalho que vinha produzindo com tant...a disposição.
Eis que eu estava em Recife, a trabalho, não sei bem se em função de um curso ou apenas de uma palestra para professores dos arredores e da capital de Pernambuco. Era a semana anterior à Semana Santa. O fato é que o jornal local, pela simpatia e delicadeza de um de seus diretores, não aceitou que, estando eu por ali, justamente por ocasião da encenação da Paixão de Cristo, não fosse até lá apreciar o espetáculo. Carro com motorista à disposição, ingressos comprados, não pude recusar o convite, até porque imaginei ser bastante interessante o que poderia apreciar na vizinha cidade de Nova Jerusalém.
Lá fomos nós, e eu, distante de rezas e catoliquices desde a conclusão do Ensino Normal no distante Auxiliadora – quando passei a vergonha de, na missa de formatura, ficar sozinha no banco da igreja sem ir comungar – enquanto o carro seguia pela estrada, fui entrando no clima de reverência às cenas da Paixão de Cristo que estavam por vir. Sempre fui admiradora de Cristo e de suas histórias de generosidade e entrega.
Chegando ao local, uma imensidão de lugar, mais imbuída ainda do espírito religioso que a ocasião sugeria, pus-me a caminhar até chegar ao “maior teatro a céu aberto do mundo”, onde, cercado por umas muralhas de tipo romanas, estava o local onde se distribuíam as cenas da Via Sacra, a serem representadas.
A essa altura, quem me conhece sabe, juntar Cristo, povo humilde, ainda mais do Nordeste, e coisa e tal, eu já estava a ponto de pedir a comunhão e chamar algum padre para me confessar e pedir perdão por todos os meus pecados. Emoção pura! Olhos úmidos! Coração em saltos! Uma católica das boas! E ainda tinha o meu cansaço, preguiçosa como sou, já botando os bofes pela boca para acompanhar cada Estação e os atores nela envolvidos. Também isso, claro!, me deixava mais ainda à mercê da irrealidade.
Cristo se aproxima e eu me comovo mais ainda! A dialética pede licença e sou pura devoção àquele ser iluminado, ferido, sangrando, desnudo.
Pois qual não é a minha surpresa: quando já estava por me entregar inteira ao momento da mais pura religiosidade, eu e Cristo, um perto do outro, caio na realidade e sou interrompida em meu quase êxtase de amor a Deus. Foi quando umas mocinhas, bem perto de mim, ao ver aquele ator da GLOBO vestido de Jesus, postam-se em gritinhos e começam a dar sinais da dura realidade que só eu não via: “Lindo! Gostoso! Vem cá, meu gato”.
(Peço licança. Não dá para escrever isso e permanecer dedilhando teclas. Intervalo para eu poder rir como uma louca, cá no meu canto).
Voltando a mim, pós gargalhadas: é... essa coisa de ser católica parece que não é mesmo pra mim. Bem que eu tentei.
Muitos outros risos!!!!!!!!!!!!
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