A BORBOLETA, A
DISLEXIA E O VOTO
(Escrito em 13/10/2014)
As coisas todas se interligam. Pelo menos, essa premissa me
acompanha há muitos e muitos anos, e eu não me canso de confirmar o seu valor.
Alguém já disse que uma borboleta que bata as asas aqui no meu jardim interfere
em outros e distantes ares e lugares do Planeta. Nem reclamo mais de mim mesma
por nunca me lembrar títulos, nomes, autorias, como nesse caso, da poderosa
borboleta em questão. Fico com o que interessa, o conceito, a impressão. O mais
vai para o limbo, por total desnecessidade. É o tal caso do movimento da
borboleta, de que recordo agora, quando quero expor a minha ideia de que as
coisas todas do mundo se interpenetram de algum modo. Mesmo sem saber de que
teoria faz parte ou quem foi seu autor, nobre ou plebeu, daqui ou de acolá. A
borboleta não está só. E me faz pensar.
Digo isso, porque acabo de receber uma mensagem de uma mãe
angustiada por ver seu filho rejeitado na escola – por ser disléxico – e fazer
a dura opção de, cansada de vê-lo sofrer por ter que aprender o rol de NONSENSE
que a escola vinha lhe propondo, retirá-lo da escola (particular, diga-se de
passagem) e deixá-lo em casa até pensar melhor o que fazer para o próximo ano. A
angústia dessa mãe me levou a pensar no seu caso (a borboleta batendo asas) e o
que vai em torno, nas demais áreas da vida, no caso, o voto que daremos todos
nós no final do mês para presidente. O que uma coisa tem a ver com outra? Seria
um descalabro eu ficar me perturbando, associando um sofrimento tão pessoal, acontecido
numa cidade tão pequena de um estado tão distante do Sul, ao conjunto da obra,
que é a nossa decisão sobre quem governará o Brasil nos próximos quatro anos?
Com a mãe, é evidente que, junto com outros amigos, com ela
estabeleci, imediatamente, o necessário diálogo para encontrar apoios e saídas
para o drama vivido. Eleições, obviamente, passaram, como deveria ser, ao largo
de nossa conversa.
Mas, cá com minha alma, dei de pensar: qual a candidatura
que aponta para uma maior esperança em relação ao respeito à diversidade, ao
mundo ser menos perverso, à possibilidade de o menino que gosta tanto de música
não ser obrigado a decorar os verbos irregulares e sua conjugação?
Pensei e compartilho. E pior: entendendo ser totalmente
justa a ligação que faço entre alhos e bugalhos.
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