“Tem dias que a gente se sente...”
(Escrito em 15/07/2016)
Ai,
que vontade de escrever sobre o que me vai por dentro. Dirão vocês: "e o
que temos com isso?" E eu respondo: "nada, nada, nada mesmo, em sua
mais autêntica ‘nadice’; ou tudo; ou alguma coisa; depende, só lendo pra saber...".
Quem quiser, então, pode parar por aqui a leitura: interromper sem ao menos
saber do que se trata, dar início e deixar de lado... à vontade, sobre o depois
nenhum poder posso – nem desejo ou pretendo – ter. O ato da escrita tem sempre
o lado de quem escreve e inúmeros outros, de quem lê. Que pode até escolher não
ler. Mas, dou de ombros, e, como faço deste espaço um canto de minhas
conversas comigo mesma e que, por algum motivo, vazo para o mundo (aquelas que
entendo ter sentido para tal; os segredos têm lugar próprio, apenas meu,
cerrados – pelo menos ainda –), prossigo. É como se eu estivesse abrindo a
janela do meu quarto, olhando a serra e me pusesse a lançar ao léu algo que
tivesse em minhas mãos, e que fosse alguma coisa com alma de voar. Quem
passasse os olhos pelo céu e visse poderia se dar ao trabalho de apreciar; de dar
apenas uma conferida de canto de olho e seguir com sua própria vida,
indiferente; de estranhar e se deter e se permitir fazer indagações sobre; de colocar-se
com os cotovelos em sua própria janela e imaginar coisas que quisesse e pudesse
inventar diante da imagem inusitada diante de si: sobre aquela alguma coisa alheia
à sua natureza de algo não alado e que estivesse a voar, sem destino...
Eu,
cá, faço a minha arte (arte, de arteira ou em qualquer sentido que queira
entender o termo). Escrevo e pronto, acabou. “Cala a escrita já morreu, quem
manda na minha escrita sou eu”. Cada qual que faça a sua parte, como bem
quiser. Pois que estou a lançar chumaços de palavras sem destino certo. Peguem aí,
se for o caso... ou não...
(E
por aqui fiquei... creio que eu só queria mesmo era implicar com vocês aí do
outro lado que, talvez, estimulados com esse início, poderiam estar esperando dar
de cara com uma bandeja cor de rosa subindo e descendo pelo ar sem que dela
caísse qualquer das guloseimas nela postas; ou uma boneca de louça ricamente trajada
com um vestido todo bordado em cores bem suaves como as sua pele da bochecha e
seu entorno; ou o que mais pudesse pensar a respeito deste meu desvario).
Caio
em mim e quase ao final desta minha toada, sinto que não é nada disso, não. Quem
eu queria mesmo pôr a voar até sumir no horizonte é esta farta dor que me
habita inteirinha. Bingo! É ela mesma que eu queria que saísse do meu peito,
cruzasse o peitoril da janela e voasse pra bem longe, pois, pelo que sinto
aqui, na alma, parece que ela cresceu a tal ponto que está além do meu espaço
de guardar coisas de angústias, saudades e similares...
Mas
Chico é amplo em suas lições e também ensinou – felizmente! – que “amanhã será
outro dia”.
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