O
QUINTAL DE CASA – QUE TAMANHO ERA AQUELE?
(Escrito em 5 de fevereiro de 2011)
Depois que passava todo o sobrado com
suas não sei quantas salas e não sei quantos quartos – e, com isso, já havíamos
caminhado uns também não sei quantos metros em direção aos fundos –, aí havia a
garagem de um lado e dois quartinhos[1]
mais um banheiro externo, do outro. No meio, separando uma coisa da outra,
havia um pequeno jardim onde se destacava um pinheiro altíssimo, destes de
Natal[2],
o maior que já vi em toda a minha vida.
A calçadinha que beirava o tal pinheiro,
sempre em direção aos fundos, dava acesso a um portãozinho pequeno, mal
ajambrado, que fazia a divisão de toda esta parte da frente – casa, garagem, a
parte de serviços com seus dois tanques (coberto por uma imensa caixa d’água
que nos abastecia) – e o quintal.
Passado esse modesto portão, incapaz de,
em sua simplicidade, prefaciar o que vinha adiante, lá estava ele, o quintal,
exuberante, do qual, para meu lamento, não guardo nem uma foto, nem uma
sequer... Tento, então, com as palavras, falar desta grandeza de lugar, de seus
habitantes e peculiaridades.
(Parênteses: neste ponto de minha
descrição, precisei parar e desenhar, no Word mesmo, sem nenhum recurso extra,
a casa, seus vizinhos e partes internas). Aí, sim, pude prosseguir meu relato
sobre o quintal lá de casa.
LEGENDA (COMENTADA, É ÓBVIO)
1.
Segundo galinheiro – suspenso, sobre
pilotis. Mamãe era da roça, nasceu em Morro do Coco, adorava criar galinhas.
Enquanto viveu, em todas as casas para as quais se mudou, depois de vender a
Beira Rio, sempre mandava construir um galinheiro para ter sua criação. Houve
época de chegar a uma centena.
2.
Árvore frondosa – abieiro (?)
3.
Pocilga – onde eram criados porcos, até
onde me lembre, um de cada vez. E havia o dia em que o porco (já não mais
“marrão”[3])
atingia o peso ideal para ser abatido. Este era um dia totalmente especial para
as crianças da casa (e vizinhos, por suposto!). Da venda da esquina vinha uma
balança, empurrada pela rua, por mais de uma pessoa, tamanho seu calibre, para
que o bicho nela subisse e fosse pesado.
Para tirar o quadrúpede lá de trás e fazê-lo atingir a rua para cumprir o
seu trágico destino de virar refeição para bípede eram necessários muitos
homens, segurando-o e tentando direcioná-lo, a poder de uma corda que lhe
rodeava o pescoço. Pouco adiantava: ele vinha rebentando tudo pela frente, o
jardim ficava todo machucado, tamanha a fúria do animal. E os grunhidos? Estes
deviam ser escutados (vejam o mapa, por favor!), até depois da venda.
4.
Galinheiro/ “terreiro” das galinhas,
cercado – onde havia um tanque para a criação beber água. Dentro dele, uma pia,
belíssima, muito antiga, não sei vinda de onde. Mais tarde, veio a ser retirada
dali e levada por meu irmão (Padrinho Tininho) para o apartamento dele, no Rio.
Com a morte dele, não sei para quem ficou.
5.
Parte do quintal que era coberta por um
telheiro de zinco.
6.
Pinheiro – cuja ponta foi cortada depois
de 4 de agosto de 1960, quando já não adiantava mais. Maninho já não estava mais
conosco.
7.
Garagem, também utilizada um tempo por
minha irmã, Uzinha[4],
para dar suas aulas particulares.
8.
Calçadinha, feiosa, já bem velhota, de
cimento, já bem quebrado.
9.
A casa propriamente dita, de dois
andares, arejadíssima, de pé direito muito alto, todo de madeira. Há uma outra
postagem em que aparece a foto dela.
10.
Entrada da garagem com jardim[5]
11.
Muro que separava a parte da frente da
casa do quintal.
12.
Portãozinho.
13.
Áreas do pomar – tínhamos pinha, figo e o
tal sapoti, quase inexistente.
Do portão pra trás, era assim: à
esquerda, compridão, um muro alto, bem alto,que nos separava da Fábrica. Aos
fundos, o muro era bem mais baixo e fazia a divisão com quintais de outras
casas, situadas na Rua da Baronesa. E à direita, um enorme trecho era ocupado
pelo muro que dava para a casa dos Sobrosa, seguindo-se outro que dava para a
casa de outros vizinhos, inclusive de minha amiga Cibele, moradora da Rua da
Baronesa, e de Chinica.
[1] Um deles foi o que Eduardo Sobrosa “invadiu” pela parede, cavando de
sua casa para a nossa até vazar a parede e por sua força, empurrar e fazer
tombar ao chão o armário da empregada.
[2] Quando Maninho, meu irmão, morreu num trágico acidente a caminho do
Rio, houve quem dissesse que a morte se deveu ao fato do tal pinheiro haver ultrapassado a altura da casa. E isso me
lembra outra barbaridade, dita, na ocasião, também a mamãe, por uma outra
visita: “Neném, agora a conta ficou certa, né? Quatro homens e quatro
mulheres... (Sim, porque, até então, mamãe tinha 5 filhos homens).
[3] Em Niterói, cidade que escolhi
para viver, há o chamado Largo do Marrão, sempre chamado pela maioria dos
moradores, pela maneira mais simples de Largo do Marrom.
[4] Uzinha – Ilza Pessanha Ribeiro
[5] Os jardins das casas de então,
mesmo o das famílias mais abastadas, não mereciam tratamento paisagístico como
os de hoje. As flores eram simples (Lá em casa tinha muita espada de São Jorge,
bons-dias, gérberas e alguns gerânios.). Não se via muitos arranjos. Gramados
também eram raros.
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