sábado, 30 de julho de 2016

FOME ZERO
 (Escrito em 30/07/2014)
Ser feliz é chorar de saudade, entristecer-se ao ouvir qualquer música cujos tons e semitons falem mais ao coração, e, depois, voltar a si, a horas mais leves,  ao sorriso no olhar e nos lábios,  sabendo o quanto é reconfortante ter pessoas para recordar, pessoas de quem se recebeu amor e a quem se entregou parte da vida. Ser feliz é viver com intensidade dores e alegrias, tudo a seu tempo, sem ilusões quanto a permanências idealizadas e além do tempo do possível e desejado.

Chifres de veado quando começavam a crescer - 2011
Ontem ouvi algumas músicas que me trouxeram antigas vivências e levaram por várias vezes as minhas mãos à face para enxugar lágrimas que vazaram do poço de saudades que guardo na alma e que por vezes transbordam “janelas da alma” afora. Hoje, imaginem!, acordei feliz da vida! Amei e fui amada de maneira intensa e definitiva. Imaturidades não são capazes de diluir a força de sentimentos compartilhados que tiveram vida concreta num determinado tempo, qualquer que seja ele. Tudo vivido com vigor é alimento, seja em que época for, para garantir um certo estado de felicidade.
Quanta alegria ter histórias de amor para recordar! E saber que elas bastam. Determinadas delícias prescindem de complementos ou tentativas de repetição. Abrir mão de um novo porta-retrato na cabeceira é apenas ter clareza quanto a um nível de satisfação já alcançado e insuperável.  Coisa de quem adora camarão pitu do Paraiba, fartou-se com uma boa porção dele, feito apenas no bafo, num bom azeite e com a medida certa de um alho de primeira, a quem não adianta oferecer mais nada. Plenamente satisfeita, a pessoa só quer saber de uma boa rede para descansar do intenso prazer que acabou de ter para si.  Mais nada.  No caso em pauta, mais ninguém.

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