PORTAS SEM
TRANCAS
(Escrito no dia
10 de julho de 2015)
“Não deixe portas entreabertas
Escancare-as
Ou bata-as de vez.
Pelos vãos, brechas e fendas
Passam apenas semiventos,
Meias verdades
E muita insensatez.”
Escancare-as
Ou bata-as de vez.
Pelos vãos, brechas e fendas
Passam apenas semiventos,
Meias verdades
E muita insensatez.”
Flora Figueiredo
Ao
ler esta fala poética, logo tratei de incorporá-la ao meu íntimo para me
inspirar em meu início de dia. Abrir portas, devo dizer, já é tentativa antiga,
que insisto em não me esquecer a cada dia, sempre buscando viver, o que para
mim é meio sinônimo de tentar exaustivamente estar aberta ao novo. Não é
simples, mas é tarefa de quem não quer morrer em vida. Portas abertas: tudo
bem! Quanto ao trancar de vez, ao evitar o lusco-fusco da incerteza, do trancar
de vez todas as portas, encerrar todos os assuntos, concluir os antigos
percursos, aí eu me penitencio. Nem sempre tenho êxito nesse intento. Uma coisa
é racionalmente pretender esse encerramento, essa finalização, esse ponto final
em coisas lá de trás. Mas, em se tratando de sentimentos, há portas que não
consigo cerrá-las por completo. Não sei se é devido à qualidade da madeira, à
teimosia trazida pelo vento nordeste que as empurra vez por outra, ao modo como
foram construídas pelo artesão, há portas teimosas, ameaçadoras até, em seu
caráter renitente e portador de luzes que deveriam há muito estar de um outro
lado, sem acesso ao íntimo de minha casa de afetos.
De todo modo, foi muito bom e proveitoso ler a poesia. Se a poeta diz e ensina, é porque eu devo continuar tentando...
De todo modo, foi muito bom e proveitoso ler a poesia. Se a poeta diz e ensina, é porque eu devo continuar tentando...
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