O GLOBO DA MORTE E SEUS HERÓIS |
CIRCOS REVISITADOS
(Escrito em 13/7/2013)
Nos circos que conheci na
infância, ali pelas cercanias do Mercado Municipal de Campos, duas atrações me
encantavam: o globo da morte e os trapezistas. Ontem, quando recebi de um amigo
belíssimo vídeo de trapezistas fazendo das suas, voltei àqueles tempos lá na
cidade pequena que abandonei na juventude e me recordei de como era bom ir a
circos. O barulho ensurdecedor do globo da morte, eu o escuto com nitidez
agora, e os heróis que se lançavam àquela aventura de girar ali por dentro das
grades, mesmo que nunca tivesse lhes visto o rosto por trás do capacete, juro
que eram lindos e tão ou mais fortes do que William Holden em algum de seus
papéis no cinema.
Pensando em circos,
lembrei até de quando o Grande Circo de Orlando Orfei visitou a cidade, aí eu
já estava na Faculdade e o espetáculo foi no Ginásio do Automóvel Clube, clube
onde inúmeras vezes fui ver jogos de basquete onde Paulinho e Godofredo eram
astros de destaque. No dia em que fui, creio que o próprio Orlando Orfei foi
quem pediu um voluntário para participar de uma parte do espetáculo na qual a
“vítima” iria, pendurada por uma corda, tentar montar num cavalo que corria, em
círculos pelo picadeiro. Jane Alt, então minha colega (Saudades! Nunca mais vi.
Quem sabe dela?) logo se apresentou e foi motivo de grandes gargalhadas por
parte de todos nós que a víamos, corajosa e alegremente, tentar cumprir a
tarefa de montar, sem sucesso. É que, a cada tentativa, era alçada às alturas,
pelo responsável por movimentar a corda, esperneando-se pelo ar, sem que
conseguisse pousar no lombo do pobre cavalo. Belos tempos! Tão lá atrás foi que
comecei a empilhar as histórias que me trouxeram até aqui, com tanta vida
vivida, a viver, a recordar... E a contar por palavras, vá saber porquê...
Ainda sobre circos, não
posso deixar de me lembrar também da fala de Faraó, amigo querido que, ao ver
aquele espetáculo grandioso, esse mesmo do próprio Orlando Orfei, onde tudo era
iluminado, bem feito e colorido, reclamar, cheio de mágoa: “Isso não é circo de verdade, circo eram aqueles de minha infância, lá
em Lagoa de Cima, onde o palhaço não tinha a menor graça, as roupas eram
surradas, e as mulheres eram mal pintadas, feiosas, mal ajeitadas...” E ele
tinha razão – também o não havido, o imaginado, os sonhos e a irrealidade
podiam – e podem – nos levar a outros cantos dignos de serem visitados.
Grande lição!
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