quinta-feira, 7 de julho de 2016


TRISTEZA COMBINA COM HUMOR – POR QUE NÃO ACREDITAM?

(Escrito em algum dia de junho de 2016)


Foi de hoje, agorinha, a decisão. Radical. Radical de ir às raízes mesmo. Falar de minhas dores só no divã. Ali não tem piada. O choro corre solto e só o meu lado lacrimoso, carregado de mágoas vem à tona e não dá margem à dúvida. É aquilo mesmo e pronto. É analisar, juntar peças, entre muitos soluços (claro!), associações, sonhos, frases soltas, até silêncios, e partir para o desatamento de nós, o carmeamento de pinos soltos e de bainhas com fiapos à vista ou ainda por se exibirem. Ali, comigo mesma, com a mediação da psicanalista, sou apenas a entrega ao entendimento profundo das marcas, das ausências, das circunstâncias emocionais, no agora ou no que vem de longe.
Agora, com as amigas, com elas mesmas, as do meu amor, da minha afeição, falo mais nada, não. Bico calado! Acabou! Perda de tempo! É jogo com anúncio de empate, desde o primeiro segundo, sem nenhum lance, nem gol contra, nada. Total perda de tempo. Vale a pena, não. As criaturas, como me conhecem o bom humor, a banda piadista, que me marcam e as fazem rir, desconsideram meus lamentos e nem me permitem seguir com nenhuma lamúria, por mais doída que seja.

Numa de nossas festas, as amigas-irmãs. que não me dão ouvidos.
Eu, em plena palhaçada no aniversário de Dorinha, fazendo com que não acreditem que sou um ser que também sofre.

Se alguém está apressadamente aí do outro lado, enquanto me lê, já imaginando que é zanga ou coisa parecida, que nada!  A mulherada é do meu mais profundo afeto, são poucas, mas certeiras. Amor vai e vem, na medida exata ou até extravasada de bem querer da melhor qualidade.  Nunca me falham. Nosso amor é da mais sólida entrega e dedicação. Mas, quem disse que posso delas, de qualquer uma, fazer minha confidente? É só eu começar a falar de meu penar, de meu amor não correspondido, de minha angústia, que dão de rir, não há meio de encararem com seriedade o anúncio que eu possa fazer de meu estado d’alma, quando este está lamuriento. É só eu abrir a boca e falar: “Meninas, estou num sofrimento só...”, que nem me esperam concluir, uma começa e as outras fazem coro, rindo, sem o menor respeito pela dor alheia: “Para com isso, criatura...”
E sabem do pior? Eu me ponho a rir também e nada segue de concreto sobre qualquer sentimento que esteja banhado em qualquer tipo de faltas, carências e coisas tais.
Desisto!

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