INADEQUAÇÕES
(Escrito em 27/07/2014)
(JURO QUE É VERDADE!)
Sempre que posso, adoro aproveitar um
caminho qualquer para dar conta de uma tarefa imprevista, só para não
desperdiçar o tempo e a hora. Não sei com quem aprendi isso, mas o fato é que
não vou a caminho do quarto sem pegar na sala a pilha de roupas que foram
passadas por Zelinha. Não quero dizer que serão guardadas na hora, mas já terão
dado um passo a caminho de seu destino. Pode ser que fiquem em cima da cômoda
um par de dias, aí só Deus sabe quando novamente vou passar por ali e me
dedicar a finalizar a tarefa. É assim e pronto.
Assim é que, esperando uma grande
amiga para almoçarmos juntas, cheguei antecipadamente ao local do encontro e
aproveitei para entrar na loja em frente. Esperar à toa, jamais! Algo de útil
precisa ser providenciado. Um sobrinho neto que reside nos Estados Unidos está
no Brasil e aquela seria uma boa oportunidade para eu comprar um mimo
brasileiro para agradá-lo, aproximando-o da sua terra e, claro!, humanizando
sua educação que lá, naquele país, do meu ponto de vista, é avessa a formas
menos rígidas e que não se preocupem tanto com resultados.
A loja, muito atraente, não era
propriamente uma loja de brinquedos, era um papelaria dessas que hoje existem,
bem requintadas, com mil objetos alternativos, coloridos, criativos, até brinquedos.
Ousei imaginar que ali encontraria algo adequado.
Entro e logo aviso, simpaticamente à
moça (a verdade é que cada vez sou mais conversadeira com quem vou encontrando
pelo caminho) da minha intenção: presente para menino, de 7 anos, residente
fora daqui, algo leve, que lembre nossa maneira brasileira de ser...
A moça pensa por um segundo e logo me
sugere: “Um cofrinho? Veja que lindo!” Eu, meio lamentando por não ter sido
compreendida, retruco: “Um cofre? Não, não! (Cá com meus botões, o menino já está
no antro maior do capitalismo e eu vou dar um cofrinho para ele juntar sua
graninha?)”.
A moça prossegue e eu a acompanho por
entre as alas das prateleiras lotadas de coisas: “Huuum, uma caveira! Veja
quantas! De todo o tipo: de louça, de plástico, de metal...” E eu confiro, de
fato, na segunda prateleira, uma sequência de caveiras, realmente dos mais
variados materiais, cores e texturas. “É moda? As crianças agora brincam com
caveiras?” E ela: “Sim. Veja, tem até um abajur em forma de caveira.”
Eu já vou desistindo, mas com a mania
de produtividade me empurrando para decidir ali o presente do lindo e adorável
sobrinho, antes de desistir, ainda dou uma enroladinha, vasculhando com o olhar
as inúmeras opções, à procura de algo. É quando sou interrompida pela
vendedora: “Ah, já sei... veja que lindo este despertador, é em forma de super
herói. Será que ele não vai gostar?” Aí foi demais: duas inadequações na mesma
proposta, era mesmo caso de ir embora – um despertador para assustar o menino
ao amanhecer e em forma de um super herói enoooooorme?”
Agradeci, saí porta afora, ao
encontro de minha amiga, com quem compartilhei a historinha real. Depois do
almoço, por certo, parti para uma livraria onde dezenas de livros aguardavam
apenas que eu viesse selecionar quais deles comprar. E como foi difícil! Muita
coisa boa à disposição de todos nós. E viva a Literatura Brasileira! Para
criança, então, tem cada preciosidade!!!!
E de tudo isso, fica a lição de que
nossas manias precisam ser repensadas. Algumas nos levam a situações que, muito
mais do que nos aliviar, trazem irritação e desencontros. Arre!
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