quarta-feira, 27 de julho de 2016

INADEQUAÇÕES
(Escrito em 27/07/2014)

(JURO QUE É VERDADE!)


Sempre que posso, adoro aproveitar um caminho qualquer para dar conta de uma tarefa imprevista, só para não desperdiçar o tempo e a hora. Não sei com quem aprendi isso, mas o fato é que não vou a caminho do quarto sem pegar na sala a pilha de roupas que foram passadas por Zelinha. Não quero dizer que serão guardadas na hora, mas já terão dado um passo a caminho de seu destino. Pode ser que fiquem em cima da cômoda um par de dias, aí só Deus sabe quando novamente vou passar por ali e me dedicar a finalizar a tarefa. É assim e pronto.
Assim é que, esperando uma grande amiga para almoçarmos juntas, cheguei antecipadamente ao local do encontro e aproveitei para entrar na loja em frente. Esperar à toa, jamais! Algo de útil precisa ser providenciado. Um sobrinho neto que reside nos Estados Unidos está no Brasil e aquela seria uma boa oportunidade para eu comprar um mimo brasileiro para agradá-lo, aproximando-o da sua terra e, claro!, humanizando sua educação que lá, naquele país, do meu ponto de vista, é avessa a formas menos rígidas e que não se preocupem tanto com resultados.
A loja, muito atraente, não era propriamente uma loja de brinquedos, era um papelaria dessas que hoje existem, bem requintadas, com mil objetos alternativos, coloridos, criativos, até brinquedos. Ousei imaginar que ali encontraria algo adequado.
Entro e logo aviso, simpaticamente à moça (a verdade é que cada vez sou mais conversadeira com quem vou encontrando pelo caminho) da minha intenção: presente para menino, de 7 anos, residente fora daqui, algo leve, que lembre nossa maneira brasileira de ser...
A moça pensa por um segundo e logo me sugere: “Um cofrinho? Veja que lindo!” Eu, meio lamentando por não ter sido compreendida, retruco: “Um cofre? Não, não! (Cá com meus botões, o menino já está no antro maior do capitalismo e eu vou dar um cofrinho para ele juntar sua graninha?)”.
A moça prossegue e eu a acompanho por entre as alas das prateleiras lotadas de coisas: “Huuum, uma caveira! Veja quantas! De todo o tipo: de louça, de plástico, de metal...” E eu confiro, de fato, na segunda prateleira, uma sequência de caveiras, realmente dos mais variados materiais, cores e texturas. “É moda? As crianças agora brincam com caveiras?” E ela: “Sim. Veja, tem até um abajur em forma de caveira.”
Eu já vou desistindo, mas com a mania de produtividade me empurrando para decidir ali o presente do lindo e adorável sobrinho, antes de desistir, ainda dou uma enroladinha, vasculhando com o olhar as inúmeras opções, à procura de algo. É quando sou interrompida pela vendedora: “Ah, já sei... veja que lindo este despertador, é em forma de super herói. Será que ele não vai gostar?” Aí foi demais: duas inadequações na mesma proposta, era mesmo caso de ir embora – um despertador para assustar o menino ao amanhecer e em forma de um super herói enoooooorme?”
Agradeci, saí porta afora, ao encontro de minha amiga, com quem compartilhei a historinha real. Depois do almoço, por certo, parti para uma livraria onde dezenas de livros aguardavam apenas que eu viesse selecionar quais deles comprar. E como foi difícil! Muita coisa boa à disposição de todos nós. E viva a Literatura Brasileira! Para criança, então, tem cada preciosidade!!!!
E de tudo isso, fica a lição de que nossas manias precisam ser repensadas. Algumas nos levam a situações que, muito mais do que nos aliviar, trazem irritação e desencontros. Arre!

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