sábado, 2 de julho de 2016

MINHAS VERGONHAS
(Escrito em julho de 2014)
Muitas foram as que tive pela vida afora. Duas têm a ver com o uso de anáguas, engomadas e fartas. Uma caiu bem na frente dos meninos, numa ida para o banheiro, quando cruzava o pátio, bem garota ainda, lá no Calomeni. Outra anágua, ou foi a mesma, não sei, escolheu também um lugar privilegiado para despencar pernas abaixo: em frente ao Empório das Sedas, no Boulevard. Vontade de morrer ao quadrado!
Na minha Primeira Comunhão, mais ou menos na época em que a primeira anágua foi ao chão.
Outra vergonha notável foi quando vinha para casa, pela Rua da Baronesa e não resisti, fiz xixi na calcinha bem na curva, quase em frente à casa de Tatau e Dedé. Sentei num banquinho que havia ali, um banquinho bem rústico de madeira, tosco mesmo, mas de nada adiantou, tive que seguir até a Beira Rio, dobrar à direita e chegar em casa, morta de uma vergonha descomunal, muito maior do que meu tamanho todo àquela altura da vida.
Uma outra vergonha, esta eu já era jovem, nunca me esqueci, foi quando entrava no Tênis Clube de Campos para um banho de piscina, e uma mocinha, clarinha, lourinha, angelical, gritou para sua amiga, na ocasião namorada de um ex-namorado meu, em alto e bom som, enquanto eu passava: "Hoje não haverá almoço? A empregadinha está de folga? A esta hora livre por aqui? Patroa boazinha a dela, não, Fulana?" (Ao que eu sei, ao contrário dele, ambas estão vivas por aí e devem se lembrar, se bem que, em geral, quem se lembra é quem passa a "vergonha", não o algoz). Eu, na ocasião, apenas percebendo a tentativa de humilhação, corei, encabulada, ainda sem ter noção do quanto de preconceito nos envolvia em nossa juventude interiorana e marcantemente conservadora. Tomara que hoje elas possam ver de outro modo o trabalho daquelas que estavam em nossas casas enquanto nós, lindinhas, saíamos para nossos programinhas sociais!
Da última vergonha que me lembro foi quando entrei no chamado Teatro Trianon, de Campos (para mim, o Trianon era o outro), há uns anos, e tropecei na escada, me esborrachando no chão, sendo acudida por um cordial senhor que vinha atrás. Foi preciso muito espírito esportivo para voltar à minha estatura normal de caminhante bípede. E isso, repito, em Campos, não num lugar qualquer. Na Campos, explico, cujas mazelas ainda guardo dentro de mim, por mais que já tenha reaprendido a ver suas outras dimensões menos reducionistas.
MAS A VERGONHA QUE ESTOU TENDO NESTES DIAS É A MAIOR DE TODAS, É UM TIPO DE VERGONHA JAMAIS PENSADA EM TER EM TODA A MINHA VIDA. PODE PARECER EXAGERO, MAS NÃO É: É MAIOR DO QUE A DE VIVER NUM PAÍS CUJO CONGRESSO NACIONAL TEM OS PRESIDENTES QUE TEM.
NÃO TENHO PALAVRAS PARA DIZER O QUE SINTO EM VER O QUE ESTÃO FAZENDO DE DESRESPEITO, DE VILANIA, DE ILEGAL, DE ILEGÍTIMO, DE PERVERSO COM A IMAGEM DA PRESIDENTE DE NOSSO PAÍS.
QUE OS DE BOM SENSO NÃO A REPRODUZAM! QUE ELIMINEM DE SUAS PÁGINAS!. QUE OS JURISTAS ENCONTREM FORMAS DE PUNIR SEUS AUTORES E DIVULGADORES! QUE SOBREVIVAMOS Á BARBÁRIE IMPETRADA POR ESTES ADULTOS QUE ESTÃO ENCONTRANDO ESPAÇO PARA SE REPRODUZIREM COMO PRAGAS!
QUE VERGONHA, MEU DEUS!!!!!!


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