sábado, 21 de novembro de 2015

EU E ELA
(escrito no dia 21 de novembro de 2014, publicado hoje, sem retoques)

E não é que eu gosto dessa senhora aí embaixo? Hoje eu a encaro olho no olho. Ali, ó, em pé de igualdade. Nem um milímetro a mais nem a menos. E isso é melhor do que um copo de água bem gelada numa tarde de verão, do que algumas taças de um bom vinho francês num inverno de poucos graus e do que o olhar apaixonado do homem a quem eu também amei "a moda Vinícius de Moraes"... (Aqui, acho que exagerei um tantinho... é melhor dar uma reduzida, deve mesmo ser pau a pau...). A Literatura não pode fugir tanto assim do real concreto!

Um dia desses vi Maria Rita dizendo que no palco ela é um bicho, ela é a dona do pedaço, ela é dominada por ela mesma em sua potência interior, mas que basta dele descer (hoje bem menos, felizmente!) que imediatamente cada pessoa que dela se aproxima cresce, obrigando-a a olhar para o alto para "enfrentar" seu interlocutor. Filme batido esse para mim. Mais velho, visto e revisto que Shane, com Allan Laad, na estreia do Cine Goitacá. Hoje estou saindo dos meus próprios porões e gostando de minha nova dimensão: à altura dos transeuntes que surgem daqui e dali, desde os mais remotos tempos de minha curta-extensa vida. Muito luto e intensa luta pelo caminho: ídolos desmoronados e enfim reconhecidos em suas fraquezas antes não captadas (afinal de contas, o Poema em Linha Reta inicialmente era apenas a mim dedicado!).

Seu sorriso cada vez me traz mais para perto de mim mesma, Dona Carmen! A senhora tem defeitos a dar com pau: exigente, sonhadora, impulsiva, marcada muito mais por incertezas do que por respostas prontas e inteligentes, implicante em demasia (gente vaidosa, por exemplo, logo sofre com sua rejeição),  só para ficar nos mais visíveis a olho nu... Mas, minha senhora, como gosto de observar atenta esse seu sorriso de quem ainda crê - em si própria e no outro -  por mais que haja pedras e decepções pelo caminho. Na vida é possível dizer não, por mais que o sim surja quase como uma resposta automática.

Viram? Mais um defeito: a vaidade. E paro por aqui, antes que comece a achar essa simpática senhora uma boba pretensiosa sem tamanho... Eu a conheço: depende do lado da gangorra em que ela está no momento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário