terça-feira, 24 de novembro de 2015



APÓS O FIM DO AMOR


 (provavelmente escrito entre 2013 e 1014)


Hoje pude ter o meu primeiro sorriso de pura alegria, passado o luto, longo, doloroso, quase insuportável, é verdade, mas vivido com inteireza. Luto que, como tal, me permitiu VER o que passou – agora, sim, sabendo reconhecer que o que é verdadeiro simplesmente É. O que virou pó teria que ter mesmo esse destino. Mas o efêmero não impede de ter havido – e permanecerem vivas – as gemas mais preciosas, perenes e de inestimável valor – moral e afetivo.
       Nada como viver de maneira integral o que vivemos, sem fugir do sofrimento. É o olho no olho – para dentro de nós mesmos, para o outro, para as coisas do mundo – o único método possível de se compreender e de superar o que se viveu e se voltar à tona para continuar a ter inteireza no que a vida coloca diante de nós. Se não, postas vendas nos olhos do ver e do sentir, fica tudo até mais fácil, aparentemente, com sentimentos silenciados pelo falso esquecimento, diante do medo de enfrentar a dor, sem que a paz interior seja reencontrada. Falsos brilhantes, sem poder de garantir lucidez...
Hoje, o momento é mesmo de grande alívio: mágoas reinterpretadas e lançadas fora! Eu de volta a mim, na permanente tentativa de ser inteira. Minha vida retomada em plenitude, compreendendo com maior clareza o que eu mesma quis deixar para trás. Fui amada de maneira única, e amei cada nesga do ser amado. Isso vale para sempre. Pura delícia! Indescritível êxtase! Viver é experiência a ser vivida, sem temores, desde que não se fuja de si próprio. Tudo tem contradições e carrega consigo verdades que precisam ser revisitadas. Mais ainda: tudo passa. Tudo fica. Saber separar o joio do trigo é exercício da mais legítima humanidade. O prêmio é a própria vida, com o coração fortalecido para sorvê-la com legítima vontade. Ela continua.

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