SOMOS TODOS NINGUÉM, ISSO, SIM!
11 da manhã! Acordar a essa hora é fato raro. Compensação do
corpo para a noite insone diante da televisão e da incessante procura de algo,
até mesmo aqui, algo que me desse alguma sustentação emocional, política,
humana para olhar o horror, com algum instrumento capaz de clarear o primeiro
passo a ser projetado como capaz de superá-lo.
Nunca pensei que a Matemática aprendida no Calomeni, aquelas
operações iniciais mesmo, fossem necessárias para comparações esdrúxulas sobre
o tamanho das desgraças, perdas, mortes. O maior número, a quantidade mais
danosa é a da morte de um Rio ou de pessoas? Animais contam? A relação é de 1
por 1? Ou animal é uma fração ordinária de um ser humano? E um rio, sobre ele o
resultado do desastre deve ser buscado em proporção geométrica? Ou temos que
elevar a alguma potência o número de perdas? Raiz quadradra de quê? Ou de quem?
É caso de somar ou dividir? Multiplicar ou subtrair?
O fato é que ficamos aqui, desatinados, mantendo-nos no
mesmo, como se algo fosse alterar a nossa incapacidade diante do horror. Catar
a notícia de que soubemos mais da morte dos mineiros chilenos do que do povo
mineiro - eu até compartilhei - mas é pura perda de tempo. Ou a hora é de
vermos se valem mais as mortes do Primeiro Mundo, sob os efeitos luminosos da
Torre, ou aquelas que foram acimentadas a ferro e lucro na adorável Mariana em
seu pedaço de menor prestígio? A que nos levam tais cálculos?
Matemática mal aplicada essa! Tal comparação - ou as que
vierem! - não servem pra nada. Perda de
tempo. Distração e desvio de foco! Na melhor das hipóteses (ou na mais ingênua
e enganadora) cumprem apenas o papel de nos iludir de que nosso tempo está
sendo bem empregado, anunciando e disseminando nossa consciência quanto à
perversidade do Capital! Ai, ai, ai... Somos os maiorais! Disseminamos
consciência e informação!
Ledo engano, caros humanos de plantão! Estamos é desprovidos
de trilhas! A lama fez um caminho morto. Duro. As explosões escureceram também
os caminhos pelo ar. Cegueira. Aqui e bem longe.
Bem já aprendi que para caminhar é preciso a incerteza de,
por uma fração de segundos, contar com o apoio de apenas um dos pés no chão.
Mas, sim!, e o que se projeta, o pé revolucionário, o que não me deixa
paralisar, o que ousa e segue, me digam, pelo amor dos homens e de todas as
mulheres: lanço-o em qual direção?
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