sexta-feira, 20 de novembro de 2015

SOMOS TODOS NINGUÉM, ISSO, SIM!


11 da manhã! Acordar a essa hora é fato raro. Compensação do corpo para a noite insone diante da televisão e da incessante procura de algo, até mesmo aqui, algo que me desse alguma sustentação emocional, política, humana para olhar o horror, com algum instrumento capaz de clarear o primeiro passo a ser projetado como capaz de superá-lo.

Nunca pensei que a Matemática aprendida no Calomeni, aquelas operações iniciais mesmo, fossem necessárias para comparações esdrúxulas sobre o tamanho das desgraças, perdas, mortes. O maior número, a quantidade mais danosa é a da morte de um Rio ou de pessoas? Animais contam? A relação é de 1 por 1? Ou animal é uma fração ordinária de um ser humano? E um rio, sobre ele o resultado do desastre deve ser buscado em proporção geométrica? Ou temos que elevar a alguma potência o número de perdas? Raiz quadradra de quê? Ou de quem? É caso de somar ou dividir? Multiplicar ou subtrair?

O fato é que ficamos aqui, desatinados, mantendo-nos no mesmo, como se algo fosse alterar a nossa incapacidade diante do horror. Catar a notícia de que soubemos mais da morte dos mineiros chilenos do que do povo mineiro - eu até compartilhei - mas é pura perda de tempo. Ou a hora é de vermos se valem mais as mortes do Primeiro Mundo, sob os efeitos luminosos da Torre, ou aquelas que foram acimentadas a ferro e lucro na adorável Mariana em seu pedaço de menor prestígio? A que nos levam tais cálculos?

Matemática mal aplicada essa! Tal comparação - ou as que vierem! -  não servem pra nada. Perda de tempo. Distração e desvio de foco! Na melhor das hipóteses (ou na mais ingênua e enganadora) cumprem apenas o papel de nos iludir de que nosso tempo está sendo bem empregado, anunciando e disseminando nossa consciência quanto à perversidade do Capital! Ai, ai, ai... Somos os maiorais! Disseminamos consciência e informação!

Ledo engano, caros humanos de plantão! Estamos é desprovidos de trilhas! A lama fez um caminho morto. Duro. As explosões escureceram também os caminhos pelo ar. Cegueira. Aqui e bem longe.


Bem já aprendi que para caminhar é preciso a incerteza de, por uma fração de segundos, contar com o apoio de apenas um dos pés no chão. Mas, sim!, e o que se projeta, o pé revolucionário, o que não me deixa paralisar, o que ousa e segue, me digam, pelo amor dos homens e de todas as mulheres: lanço-o em qual direção?

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