sábado, 28 de novembro de 2015

MEDIDA CERTA
(INICIADO HÁ MUITO TEMPO E CONCLUÍDO EM 28/11/2015)
Há quanto tempo venho ao meu encontro? Por quantas encruzilhadas passei, desviando o corpo e a alma das esquinas perigosas, não as da vida cá de fora mas as da profundeza da dúvida, aquelas que permanecem aprisionadas dentro de nós, à espera da redescoberta salvadora, a que nos liberta de nossos medos, de nossos equívocos, de nossos fantasmas?
Não foi ontem nem coisa de pouco tempo, mas vem de longe a procura incessante por mim mesma. Só de terapia lá se vão quase 40 anos, com alguns intervalos, é verdade, vez por outra variando de terapeuta, mas nunca me vi tão diante de mim como agora.
O tal do amadurecimento que chega com a idade, de que tanto falam, desconhecido por mim até poucos dias e do qual nem desconfiava cor, tamanho ou forma, vai chegando, aos poucos, e luminoso. Não se trata de encontrar certezas, endurecimentos, falta de vontade de prosseguir. Não mesmo! O que fica me parecendo  é que uma força interior, antes desconhecida, começa a se anunciar, pondo um sorriso nos lábios e no coração, como que uma lanterna que alumia os mais recôndidos espaços, trazendo força, clareza e vontade, singulares e elucidativos, abrindo frestas, clareando sentimentos, apalpando intimidades e dando sentido e gozo a cada uma delas.
Sou filha de quem sou, nasci onde nasci, tenho por irmãos aqueles que saíram de verdade da barriga da minha mãe, a ela chegados por obra e vontade exclusiva de meu pai, vivi o que vivi, da forma como vivi, com a profundidade, as possibilidades e impossibilidades que se puseram em meu caminho. Em acréscimo, um entendimento: os desvios e escolhas por mim traçados foram fruto de minha força e de minha fraqueza, de minha lucidez e de minhas questões, de minha coragem e de minha intuição.

PAPAI E MAMÃE EM ATAFONA

 Como custou!, mas hoje finalmente, valorizo o meu próprio caminhar. Os desconfortos em relação a lugares queridos como meus mas de outrem, as frustrações diante da realidade e das relações nas quais não era nem nunca fui protagonista, vão tomando seus devidos postos – mais ao lado aqui, menos desconhecida ali, invisibilizada adiante, mas sempre com minha próprias sombras e luzes a ir conduzindo a incessante procura pelo lugar de conforto e aconchego. A glória de vê-lo chegando é pura luminosidade e eu começo a me ajeitar me afundando, vagarosamente, no macio de seu estofado, todo meu, de meu tamanho certinho. Um colo. Inquestionavelmente meu , por mim mesma construído e inteiramente acolhedor.

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