RESPOSTA AO HOMEM MARGEADO
(Escrito no início do mês de novembro de 2015)
Em meio às muitas palavras que me escreveu hoje cedo, eis que o velho
amigo, agradecendo por meu apoio nas infindáveis conversas que temos tido tentando
construir uma saída para a séria crise que vem enfrentando em seu
relacionamento, me sai com esta, na certa, pretendendo ficar a salvo de tomar,
ele próprio, alguma atitude para debelar os conflitos da relação:
“as coisas têm de correr seu ritmo natural, o rio tem que correr em sua
‘calha’.”
Hi! Não bateu bem! Qual leite talhado, a frase, dita simplesmente assim,
não passou no teste do primeiro gole. Rejeição na hora! Com a idade, nada mais
fica impune, quando qualquer engrenagem de qualquer sistema do meu organismo dá
uma rangida, como porta velha que está precisando de óleo nas suas juntas
metálicas. Rangeu? Provocou ânsia? Não degluti? É tempo de ver o que fazer com
o mal estar. Engolir ? Não, não descem esses resíduos contaminados pelo medo e
pela mesmice, nem a seco!
Ignorar o gosto amargo e proteger quem quer que seja, em princípio, não é
mais o caso. Não que eu queira, racionalmente decida e planeje
intervenções a cada enunciado de que discorde e subjacente ao qual eu perceba
passividade e falta de vontade de enfrentar o touro à unha. Vida não é soma de
acontecimentos que vêm e vão sem que cada qual tenha um certo poder de tecê-la
em uma ou outras direções. Meu ombro bem sabe ser receptivo, mas minha
paciência é frágil. É como que uma premissa: para se bordar o diálogo
construtor de alternativas, a passividade e a vitimização precisam ser deixadas
de lado, mesmo que com um certo temor de dar o primeiro passo.
Assim, passado o primeiro momento, aquele da frontal recusa ao azedume,
pego a folha de papel digital e lhe respondo, amorosa e simbolicamente com sua
face protegida, acarinhada dentro de minhas mãos em concha, mas firme:
“É verdade, caro amigo... se bem que há rios que, mesmo estando,
obedientemente, se espremendo em suas próprias calhas, contendo-se para chegar
para chegar a seus destinos, fieis a padrões pré-estabelecidos e tidos
ingenuamente como seguros, andam recebendo águas represadas, vindas de origens
diversas, perigosas, justamente por estarem artificialmente contidas. Se mal
cuidadas – e pelo próprio Homem e não pelas forças da Natureza, é bom que se
diga – explodem em lamas destrutivas. Veja o caso do Rio Doce.Juro que não
conheço os meandros dessas águas e nem avalio até onde chegarão os restos
mortais que sobraram da desgraça gerada no coração (do Brasil, esclareço). Só
sei que é tempo de tratá-las para que não prejudiquem em demasia a saúde de
quem quer que seja. Para adolescentes retardatários (pode vestir a carapuça),
então, elas são um perigo! Não sou eu quem diz, é a Ciência mais avançada de
hoje em dia.
Com o compromisso de sempre em relação a vocês dois, desejo paz e TRABALHO
( Pois, também em termos de relações humanas, nada vem de graça, o esforço consciente
é essencial).
Amorosamente, Carmen
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